Valdiza Capranico
Nossa cidade, ao completar 253, não teria sua história, aliás bela história, preservada, se não fosse o empenho, a visão futurista de alguns intelectuais do ano de 1967, interessados em pesquisa-la e preservá-la. Desde as aventuras do Capitão Antônio Correa Barbosa até hoje, nossa cidade tem muitas e ricas passagens, todas que nos trouxeram desenvolvimento e nos fizeram ser, hoje, uma das melhores cidades para se viver em nosso país
Tenho participado como ouvinte, sócia, diretora e, mais recentemente, presidente, da história e das atividades do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (HGP) há pelo menos uma década. E no ano dos nossos 53 de atividades em prol da cidade, nossa comemoração haverá de ser igualmente discreta, diante da pandemia que nos abate. E nos entristece. Mas não tira o nosso ânimo de continuar a trabalhar pela preservação da memória de Piracicaba.
Empossada presidente em março de 2016, tinha como perspectiva, depois de uma reeleição, deixar de liderar o grupo em março deste ano, para quando estavam convocadas nossas eleições. A crise da saúde pública, contudo, impediu-nos – e mantém o impedimento ainda por tempo indefinido – de realizarmos aquela ação necessária para a continuidade institucional do nosso projeto diante da cidade.
Nestes pouco mais de quatro anos à frente do Instituto, vários desafios foram cumpridos. Talvez o principal deles, a nossa mudança de endereço, das instalações onde passamos cerca de 30 anos no antigo fórum prof. Francisco Morato, para as novas instalações, numa escola desativada do bairro do Jaraguá, fechada, e, restaurada a nos abrigar. Com um anfiteatro, uma sala onde mantemos o nosso acervo, uma secretaria bem montada e uma sala de reuniões da diretoria, passamos a prestar serviços de melhor qualidade aos nossos sócios e frequentadores.
Foram cerca de 25 livros e edições da revista do Instituto neste período, valorizando autores locais e seus depoimentos sobre a história local. A revista que fizemos, sobre o tema “Imigração”, reunindo depoimentos das várias nacionalidades que miscigenaram Piracicaba, foi, a meu juízo, uma contribuição importantíssima para a compreensão da nossa história. Nossas publicações, a pedido das instituições, foram enviadas para outros IHG do Brasil e, a pedido das instituições foram enviadas para as bibliotecas de Washington e Harvard, nos Estados Unidos. Nosso anfiteatro abrigou também lançamentos de outros autores e personalidades que por lá passaram.
Nosso site, também aperfeiçoado, continua sendo uma vitrine viva da nossa história, com os nossos livros disponíveis gratuitamente a todos os que por eles se interessarem, mesmo quando a tiragem impressa acaba. Fotos antigas e vários documentos, a resgatar a história e a memória de nossa cidade.
Em termos de memória, temos igualmente a registrar as perdas de grandes associados que tivemos nesse período, figuras públicas que contribuíram decisivamente para o êxito das nossas atividades, como Gustavo Alvim, Antônio Carlos Neder, Pedro Caldari, Cesário Ferrari, José Carlos Squierro, que mais do que sócios, foram diretores, que animaram o nosso trabalho e reforçaram nossos compromissos públicos como guardiões da história local.
Organizamos igualmente o nosso acervo de jornais, que começa no século XIX, expande-se e consolida-se no século XX e mantem-se como referência ainda na transição entre o papel e o digital que nos desafia a todos no século XXI.
Renovamos o nosso quadro social, com novos sócios e olhares sobre a dimensão da pesquisa histórica local e, com eles, fizemos sessões solenes comemorativas grandiosas no teatro “Erotides de Campos”. A realização de pizzadas para a posse dos novos sócios, trouxe um tom de maior cordialidade nas nossas relações sociais internas.
E nestes dias, igualmente de aguardo do desfecho da crise de saúde, por iniciativa do nosso vice-presidente, Edson Rontani, temos feito lives para recontar um pouco as nossas atividades e nos mantermos na mídia.
Quero, por fim, externar meus agradecimentos ao poder público local, que nos mantém com suas subvenções anuais e nos ajuda igualmente a liderar a tarefa de guardar, estudar e difundir a história local. Sem essa ajuda, nossa tarefa seria ainda muito mais difícil. Há novos sonhos e projetos pela frente. Já temos quatro livros impressos e prontos, aguardando oportunidade para serem lançados e novos desafios a serem cumpridos. Na esperança de dias melhores. Minha gratidão aos diretores, funcionários, associados, colaboradores e ao povo de Piracicaba pela acolhida ao nosso trabalho e paciência, por não podermos fazer mais nestes dias.
É com orgulho e honra que o IHGP a saúda, terra amada!
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Valdiza Capranico, presidente do IHGP, professora aposentada