Plinio Montagner
Uma forma comum de rotular as pessoas que habitualmente não concordam com a opinião dos outros é dizer que elas são “do contra”.
É isso, sem conhecer bem um assunto, discordam do que ouvem e apresentam uma enorme lista de motivos sem fundamentos que amofinam os esperançosos.
É uma perda de tempo discutir com pessoas assim, principalmente quando o assunto sugere polêmica, como gostos, religião, futebol, ser de direita ou de esquerda, etc.
Não adianta, dogmáticos e crentes nunca entrarão em acordo, pois nem se sequer dão-se ao trabalho de pensar na possibilidade de o outro estar com a razão, ou se o que está sendo proposto é algo melhor, certo e útil.
Se se considerar que a verdade não é privilégio de nenhum mortal, ser radical nem sempre é bom, nem para os pessimistas, nem para os otimistas.
Em todas as negociações há sempre dois lados, ou mais, o bom e o ruim. Assim sendo, é imperioso confiar e desconfiar, desde que os lados sejam condescendentes em visionar possibilidades e benefícios.
Alguns pessimistas são geralmente pessoas desinformadas sobre um determinado assunto, e se opõem por medo de errar.
O lado oposto dos pessimistas são os otimistas. São estes que movidos pelas necessidades, coragem e determinação, alavancam o progresso, criam, descobrem, fazem acontecer.
Se o progresso dependesse apenas dos pessimistas seria bem provável que estaríamos nos locomovendo por carruagens e trens com locomotivas a vapor, enxergando sob a luz de lampião, nos comunicando por telefone de gancho, sem a penicilina e sem a internet.
Uma definição comparativa: O otimista vê oportunidades diante de um problema e o pessimista vê problemas diante de uma oportunidade.
Mario Sergio Cortella, filósofo e teólogo, diz que os “do contra” são, antes de tudo, vagabundos. E para ser otimista dá um trabalho danado: estuda, trabalha, conquista, vai atrás, pesquisa, descobre, inventa, adquire conhecimentos, bens, enquanto o único trabalho dos pessimistas é sentar, esperar e criticar. Uma frase corriqueira do pessimista, lembrada pelo filósofo: “Mas ninguém vai fazer nada”?
E continua: “É confortável ser pessimista. Não vai a nenhuma reunião de condomínio porque acha que não vai mudar nada, que só vai haver falatório sem fundamento, e depois discorda das deliberações, critica o síndico por causa de um aumentozinho de dez reais na conta do condomínio”.
A propósito, recebi de um amigo o texto abaixo narrado por uma comediante da TV – (Casa de Concessa – BR – 040 – Km 49 – Paracatu – MG). A autora lembra que sempre há duas maneiras de se dizer a mesma coisa, a do lado do pessimista e do lado do otimista:
“Prestanção”:
Sobre filhos:
O pessimista diz: Fio é uma bênção, mas dá um trabaio…
O otimista diz: Fio dá trabaio, mas é uma bêncão…
Na doença:
O pessimista diz: Eu tô mió, mas tá doendo…
O otimista diz: Tá doendo, mas podia sê pió….
Num passeio:
O pessimista diz: O lugá é bonito, mas é longe…
O otimista diz: É longe, mas é bonito…
No restaurante:
O pessimista come, acha bão, mas fala: Mais é caro…
O otimista diz: É caro, mas a comida é boa demais da conta…
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Plinio Montagner, professor aposentado