O comércio de Piracicaba à deriva

Vivian Previde

 

Abre, fecha. Fecha, abre. Essa tem sido a rotina de 23.489 mulheres e homens que trabalham- trabalhavam em 6171 empreendimentos comerciais da cidade até março deste ano, quando do início da pandemia de saúde pública que acometeu a cidade de Piracicaba, o país e o mundo.

Governantes, empreendedores, trabalhadores e a sociedade como um todo, pegos de surpresa com as decorrências desta crise. Pior, em especial, ao setor do comércio de nossa cidade – certamente reflexo de ações similares na região e no país. Uma das atividades mais pujantes de nossa cidade, com vários corredores estabelecidos na região central, Vila Rezende, Paulista, Piracicamirim, Santa Terezinha, entre outros bairros importantes.

Todos sacrificados pela pandemia, para, num momento, ficar em casa, noutro momento estar liberado para trabalhar; voltar para casa, voltar a trabalhar, numa indefinição de vida que prejudica não só a vida familiar do ponto de vista da renda, mas, em especial, das indefinições que trazem a angústia do ponto de vista psicológico. Muitos desses profissionais já foram demitidos. Muitos dos estabelecimentos comerciais relacionados, também já encerraram suas atividades. A maioria vive do apoio de familiares, amigos, igrejas e da comunidade.

Muitos já correm por outros espaços para a sobrevivência, tornaram-se artesãos, cozinheiros, diaristas, fazendo trabalhos sem renda fixa, sem recolhimento de impostos, sem garantias de que conseguirão prestar serviços amanhã, ouvindo as brincadeiras de que não teremos nem réveillon, nem carnaval, eles, que não tem nem o amanhã.

O poder público, nos seus vários níveis, igualmente surpreso com a situação, tomou medidas que tiraram a tranquilidade dos empresários e trabalhadores de todos os cantos do planeta. Em alguns países com mais competência e resultados do que o nosso, mas todos, inevitavelmente, cobrando das classes menos favorecidas, um preço mais alto por sua sobrevida.

Muitos comerciários-as que estudavam, em busca do progresso intelectual e profissional, tiveram que trancar seus cursos nesse período, por falta de condições de continuar arcando com as suas mensalidades. Muitos tem tido dificuldades de honrar dívidas simples como pagamentos de água, luz, telefone, aluguéis. E, em especial, de comprar comida.

Assisto diariamente, no Sindicato dos Comerciários de Piracicaba, rodadas de tristeza entre grupos de empresários e comerciários, a lamentarem-se conosco, mutuamente, sem terem uma luz no final do túnel. E com isso, agravando dia a dia as dispensas e ampliando os problemas delas decorrentes. A sociedade local e internacional não precisa apenas de solidariedade neste momento, mas de ações mais concretas que possa trazer a todos-as um pouco mais de alento e esperança com o futuro. Creio que o poder público local poderia ser uma agente mais eficaz nesse sentido, aliviando sim a dor dos que contraíram o vírus, mas, especialmente, a dor social acarretada pelas demissões e pela fome.

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Vivian Previde, advogada, pré candidata a vice-prefeita pelo Partido Liberal (PL)

 

 

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