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Criado há 25 pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Dia Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, é uma das mais importantes datas do calendário mundial da saúde.
Isso porque, dados divulgados pelo UICC apontam que, em 2022, surgiram 20 milhões de novos casos de câncer, com 9,7 milhões de vidas perdidas, e, ainda, que uma em cada cinco pessoas desenvolverá câncer durante a vida. “A exemplo dos países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos”, disse o oncologista Fernando Medina, diretor do Cecan — Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba.
Diante dos números, além do cuidado direcionado ao paciente com câncer, neste ano, a data terá como foco mundial a mudança na abordagem ao tratamento do câncer nos sistemas de saúde globais, destacando a importância de se reconhecer a singularidade de cada experiência com a doença. “Isso significa que, na prática assistencial, além dos mais de 200 tipos diferentes de câncer, existem por detrás da doença diferentes histórias e experiências, que são únicas e diferentes para cada paciente”, disse Fernando Medina.
Segundo ele, com esta perspectiva, a UICC anunciou o lançamento da campanha Unidos pelo Único, para marcar o Dia Mundial do Câncer. A iniciativa compreenderá o período de 2025 a 2027 e propõe uma estratégia de abordagem ao tratamento do câncer que vê “a pessoa, antes do paciente”.
O oncologista conta que a estratégia de abordagem proposta por organizações nacionais e internacionais, de cuidados centrados no indivíduo, em vez de apenas na doença, visa à oferta de serviços de saúde e cuidados oncológicos personalizados, no momento e local adequados, adaptados a necessidades específicas. “Isso envolve iniciativas como programas de saúde comunitária adaptados às questões de saúde locais, treinamento para profissionais de saúde, iniciativas de educação em saúde, serviços de telemedicina, programas de apoio a pacientes e o envolvimento de pessoas diagnosticadas com câncer na formulação de políticas”, disse.
Para a presidente da UICC e secretária-geral da Sociedade Sueca do Câncer, Ulrika Årehed Kågström, ao colocar os indivíduos e a comunidade no centro das decisões, aumenta-se a eficácia dos sistemas de saúde e a compaixão envolvida no tratamento, o que leva a taxas de sobrevivência mais altas e melhor qualidade de vida. Ela lembra que nesta terça, 04 de fevereiro, o Inca realiza o evento Unidos em nossos desafios, únicos em nossas histórias, de forma presencial e remota. “A proposta é apresentar histórias únicas de pessoas que vivem a experiência do câncer, com desafios e objetivos em comum”, disse.
Ainda no evento, será lançada a edição temática da Revista Brasileira de Cancerologia, sobre Vigilância do câncer e fatores de risco, com ênfase em estudos inovadores que oferecem à sociedade em geral, aos pesquisadores, profissionais de saúde e gestores novos conhecimentos na área, de forma a contribuir para a discussão sobre políticas públicas, processos de trabalho e produção de informações, permitindo ações que melhorem a saúde da população com relação às doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer.
Já no dia 14 de fevereiro, o CEE-Fiocruz realizará o webinário Tecnologias Digitais na Atenção Oncológica― Aplicações e experiências no Sistema Único de Saúde, das 10h às 12h, com transmissão pelo canal da Fiocruz no Youtube, com participação de quatro especialistas, sob a moderação do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão e do ex-diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca) Luiz Antonio Santini.
“Tudo para aumentar a conscientização e a educação mundial sobre o câncer, além de influenciar governos e indivíduos para que se mobilizem pelo controle da doença evitando, assim, milhões de mortes a cada ano”, finalizou o médico oncologista Fernando Medina.