Caldeirão Político

MISSIVA

O editor desta coluna, o idoso e cansado Capiau, recebeu a seguinte missiva do jornalista, advogado e escritor piracicabano José Osmir Bertazzoni:

 

Prezado Editor,

O que escreveria os republicanos Marechal Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva entre outros, neste dia 15 de novembro de 2024?

Há anos, com a mesma pena com que escrevo para este matutino, não traço linhas como advogado — reservo essa ciência aos processos jurídicos e administrativos que patrocino. Escrevo como cidadão.

E, como cidadão, não posso aceitar o silêncio ensurdecedor diante dos ataques de um edil às mulheres do nosso país. Em um ataque, um vereador agride outro parlamentar durante um debate. Que tipo de educação ou cultura permite a alguém lançar-se, covardemente, contra as mulheres? A frase que ecoa em nossos ouvidos, “A sua mulher gosta”, insinua uma masculinidade distorcida.

Isso ocorreu porque o terreno foi preparado para que ele agisse sem critérios ou respeito à dignidade humana, uma declaração desonrosa no meio de um silêncio ensurdecedor da maioria. Onde estão as mulheres guerreiras do parlamento municipal de Piracicaba? Quais serão as medidas reparadoras para essa agressão?

Independentemente de como se pense sobre a questão da proteção e defesa de gêneros, os edis piracicabanos precisam aplicar a lei e a ordem, utilizando as ferramentas disponibilizadas pelo nosso sistema jurídico. Essas mesmas ferramentas que representam as mais altas garantias em defesa de cada um de nós — o resultado de um longo percurso de conquistas democráticas e liberdades individuais, que devemos proteger como garantias da própria cidadania e do bem-estar coletivo.

Nosso sistema jurídico baseia-se em um rigoroso equilíbrio para manter a ética e a inviolabilidade da honra em cada um dos poderes, com mecanismos internos em cada esfera para prevenir eventuais abusos, independentemente de quem os cometa.

Defender as mulheres que não estão no plenário durante uma sessão legislativa significa defender nossa democracia, pois qualquer ataque à dignidade humana ou às instituições abala nosso sentido de comunidade. Realmente, não entendo como foi possível que ninguém — nem entre a maioria, nem entre a oposição — tenha demonstrado consternação diante do ataque à esposa de outro parlamentar, levantado de forma tão infame.

Sei que, talvez, essa falta de reação se deva ao fato de que agressões, ofensas e ataques desnecessários proferidos por parlamentares se tornaram tão banais que ninguém mais se sente indignado com essas atitudes degradantes em nosso legislativo”.

 

FERIADO

Deixando que as nuvens representem políticos de qualquer natureza — ora de um jeito de um lado, ora de outro jeito de outro lado — este Capiau deseja um ótimo fim de semana ao povo e, em especial, um bom descanso aos leitores que acompanham a fervura do caldeirão político, que tem muita batata. Está nos cem graus completos.

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