Disparada do ouro: o que há por trás disso?

Ricardo Caruso

 

Oferta minúscula, demanda infinita. Tanto que, até outro dia, dinheiro só valia dinheiro se tivesse lastro em ouro, como acontecia com o dólar até 1971. Desde lá, a ascensão da moeda puramente fiduciária (sem lastro) deixou o ouro um tanto de escanteio na economia global, mas algo está mudando…

A perda de confiança na moeda americana é um fato que não vem de hoje; a potência mundial vem ao longo de décadas vendo sua primazia tanto no lado econômico como no lado geopolítico sendo posta à prova por diversas situações. O risco de uma recessão nos Estados Unidos, o que provocaria um abalo global é apenas um fator.

É importante destacar que, em qualquer cenário de turbulência, e o mundo tem vivido vários ultimamente, com guerras e incertezas econômicas, o ouro desponta como uma opção de reserva de valor, ou seja, uma forma de proteger seu patrimônio das oscilações de mercado.

CONFLITOS GEOPOLÍTICOS

Os conflitos regionais e o risco político têm impulsionado a demanda pelo ouro como um refúgio seguro. A guerra da Rússia contra Ucrânia e recentemente a escalada de terror no Oriente Médio — com a guerra de Israel contra seus vizinhos palestinos, ameaçada ainda com uma escalada no conflito com possível participação do Irã — assombram o mundo com uma ameaça nuclear.

TAXAS DE JUROS

Quando as taxas de juros caem mundialmente o ouro se torna mais atraente do que os títulos, pois o ouro em barras se torna mais atrativo o que induz Bancos Centrais como a China, Turquia e Índia a investirem pesado na compra de ouro em barras aumentando suas reservas para se diversificar em relação ao dólar americano. Isso não é pouco, pois a China tem comprado ouro em proporções astronômicas na casa de 1.000 toneladas anuais do metal para se blindar da dependência do dólar e se fortalecer em lastro real em suas reservas.

INCERTEZA

A incerteza econômica em torno da eleição presidencial dos EUA tem contribuído para o aumento do preço do ouro; não se sabe ainda o que vai acontecer com os rumos da maior potência mundial que anda capengando a décadas.

Enfim, o ouro é visto como uma reserva de valor confiável e de longo prazo durante períodos de turbulência econômica. Os investidores também veem o ouro como uma proteção contra a inflação, todos esses fatores são motivos para os especialistas afirmarem que a escalada dos preços não para por aqui; nos últimos 12 meses o ouro se valorizou espantosos 45% em relação ao dólar americano, contra o real foi ainda mais, na casa dos 60%. Com tudo isso cada vez mais o refúgio em ouro se torna um ativo interessante.

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Ricardo Caruso, advogado, empresário

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