Douglas S. Nogueira
Você sabe qual o lugar onde existe igualdade entre os homens? O lugar é o cemitério, isso mesmo cemitério. É lá em meio ao canto dos pássaros, o cheirar das flores, o balançar das folhas das árvores e o suave sopro do vento que a diferença material e social é exterminada.
Não há como negar o ser humano por mais humilde de espírito que seja, sempre apresenta faíscas de arrogância e orgulho, popularmente dizendo, a quase todo instante “se acha”.
Nosso viver é movido por conquistas, pelo objetivo de bens materiais e obsoletos que nada acrescentarão ao sono eterno que absolutamente teremos.
Quanto mais bens adquirimos mais parcelas de ganâncias tomam posse de nossos eus, menos pensamos no próximo e mais torcemos para que jamais ele chegue no status que chegamos, somos realmente pobres de espírito, bondade e justiça.
Nas ruas ao encontramos um andarilho, sentimos nojo daquele ser injustiçado pelo destino e agimos com displicência em relação à desgraçada situação daquele pobre humano, e ainda com alta voz de superioridade dizemos: coitado! Quem somos nós, uns meros mortais e comida preferencial de vermes, para agirmos assim?
É por isso que Deus com seu alto poder de criação, determinou um dia no seu plano misterioso e estratégico, que a morte seria algo que nenhum homem escaparia, fosse ele rico ou pobre, negro ou branco, e que ao deitar para o sono eterno, o seu poder, status, a sua arrogância para com o próximo seria exterminada e motivo até mesmo de vergonha, já que da criação do mundo até os dias de hoje, muitos ao presenciarem um velório de uma pessoa até então “poderosa”, dizem: cadê o poderoso (a)? Tinha tanto e agora nada levará, além do que será comido por bichos assim como um simples pobre.
A vida é algo passageiro, no entanto na cabeça de muitos homens, isso não é verdade, o dinheiro, poder e status cobre tudo isso até mesmo a irreversível morte. Quanta arrogância! Quanta ignorância! Percebe-se aí, que a sabedoria em parceria com a inteligência passam longe da mente de tais pessoas.
O fato descrito não é religião ou crença a ser seguida, porém a maneira correta a ser vivida, com humildade e justiça, para que não sejamos motivo de alegria de outros ao mergulharmos no sono eterno. Desprezar um pobre homem e humilhá-lo de maneira lamentável é simplesmente condenar a nossa imagem a desgraça da triste morte.
Parece que é difícil muitos homens entenderem o que é igualdade, pois muitos desses já tomados pela ilusão dos bens que possuem andam em forte parceria com o orgulho e egoísmo.
Mas a vida não se preocupa com tais homens e atitudes, sabe ela que a igualdade lá no cemitério em meio à sepulturas desoladoras virá, queiram eles ou não e tudo de ruim ou humilhante que praticaram contra o próximo será sepultado e o desfecho somente o além dirá.
A desigualdade cultivada entre os homens é algo que não se limita apenas ao âmbito social, onde diferentes pessoas se encontram e sim também ao familiar apresentando inúmeros casos de divisões entre familiares pelo motivo, desigualdade financeira; somos ricos e eles pobres!
A morte a cada dia prova a humanidade que ela é irreversível e nem mesmo o poder ilusório do dinheiro consegue pará-la. O cemitério lugar de igualdade mostra também que seremos uma coisa só, quando pelos portões, mortos passarmos, seremos então comida de bichos, vermes.
Somos iguais queira nosso orgulho ou não, as diferenças assim como a vida são passageiras, elas irão embora, ficarão no acaso, na memória de quem permanecer um pouco mais nesse território de arrogância e ilusão. O cemitério nos espera, para assim nos despir do egoísmo e vestir – nos da igualdade da morte.
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