A eleição americana, o Brasil e o Mundo

Dirceu Cardoso Gonçalves

A atenção do Mundo está voltada para os Estados Unidos. Lá ocorre uma das mais disputadas eleições presidenciais dos últimos tempos e – mais que isso – o confronto entre direita esquerda, que tem se cristalizado em toda parte com ligeira vantagem para a direita (inclusive aqui no Brasil). O Republicano Donald Trump – definido como direita ou até extrema-direita, bate de frente de Kamala Harris, atual vice-presidente e membro da ala esquerda do Partido Democrata que detonou Trump em 2020, quando este tentava eleger-se para o segundo mandato. O resultado dessa eleição, independente de qual seja o vencedor, impactará o planeta, definirá relacionamentos com nações e modulará as guerras em andamento. Afinal, é o governo da maior potência militar e economia do mercado.

As eleições estão cada dia mais complicadas por vários motivos, sendo o principal deles a polarização direita-esquerda que inferniza as populações há mais de um século, já ensejaram greves, conflitos e até atos terroristas. O ideal seria todos os concorrentes e seus seguidores compreenderem que o momento destina-se apenas à escolha dos governantes e parlamentares e  passado esse período, todos devem voltar à rotina de suas vidas.

Ao mesmo tempo que nós, brasileiros, acompanhamos a disputa Trump-Kamala, somos obrigados agora a assistir as ofensas e a choradeira do governante da Venezuela – hoje o país mais degradado da América Latina, criticando o Brasil e o presidente Lula por não ter reconhecido a sua vitória nas eleições realizada naquele país em julho (que são questionadas por dezenas de países e organismos internacionais). Maduro diz que venceu, mas não apresentou os números e  ainda quer reconhecimento para continuar à frente do governo. Tentou entrar para os Brics – grupo econômico de que o Brasil é um dos líderes – foi vetado pelo Brasil e agora parte para o ataque. Lula paga o preço de ter, durante duas décadas e meia, apoiado incondicionalmente  o regime chavista que destruiu a Venezuela. Agora, quando adota posição divergente, é atacado, assim como o nosso País. O melhor que faria é romper relações e esperar que a Venezuela volte à normalidade para um dia reatar.

Independente de nele ter ou não votado, não constrange-nos ver o chefe do nosso governo receber agressões estúpidas como às produzidas pelo ditador venezuelano. É preciso reagir e não deixar dúvidas de nossa oposição aos seus desmandos. Já passou da hora do presidente Lula priorizar suas obrigações para com o País e esquecer dos problemas de outras nações e governos. Sua declaração de dias atrás a favor da eleição de Kamala nos EUA foi, no mínimo, inoportuna. Se ela ganhar, tudo bem, mas se o vencedor for Trump poderão ocorrer dificuldades. Da mesma forma que se deu no caso argentino, onde Lula fez campanha para o pernista-kirchenrista Alberto Fernandez e quem ganhou a eleição foi Javier Milei, que o agrediu durante a campanha e depois da posse, tornando difícil as relações entre os dois países que têm tantos interesses em comum.

Lula da Silva – em respeito à sua vitoriosa carreira política – deveria se conter sobre assuntos que não dizem respeito ao seu governo. Por mais que a sua origem esquerdista agite seu coração, deve compreender que hoje os tempos são diferentes da época de sua decolagem e, principalmente, evitar arrecadar para si e para o Brasil problemas que são de outros países e povos. Sua entrada nas contendas de terceiros não ajuda em nada na solução dos problemas brasileiros e ainda serve para manchar a sua biografia. Isso sem dizer que pode, também, trazer dificuldades ao seu governo, que ainda tem mais de dois anos de mandato.  Cuide-se, senhor presidente de todos os brasileiros…

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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