Estabelecido no calendário universal como Dia dos Finados, o feriado de 2 de novembro é a data escolhida para que milhões de pessoas, em vários países do mundo, rememorem os entes queridos que já se foram, visitando os túmulos nos cemitérios, orando por suas almas e mantendo seus jazigos arrumados e enfeitados.
Em São Pedro, a tradição católica celebra a data não como um dia de choro pelos mortos, de luto e de tristeza, mas de celebração da vida. “Para os cristãos, o Dia de Finados não se trata de um simples dia de saudade, mas dia de oração pelos fiéis defuntos, que estão na glória, na Casa do Pai Eterno. Portanto, a morte não pode ser vista como um fim, mas como a ponte para a vida eterna”, esclarece o padre José Alberto Luna Cavalcante (padre Beto), pároco da Paróquia São José, no bairro Recanto das Águas.
A missa especial de Finados será conduzida pelo padre Beto, no dia 2 de novembro, às 8h, na Capela Nossa Senhora do Carmo, localizada no Cemitério da Saudade, que vai estar aberto ao público no sábado e domingo das 7h às 17h.
Para o padre Mauro Bombo, pároco da Paróquia São Pedro (Centro), a morte é a única certeza que temos neste mundo, “como o ar que respiramos”. No entanto, segundo ele, “às vezes o ser humano parece viver como se fosse eterno”.
“O Dia de Finados é uma ótima ocasião para refletirmos sobre a brevidade da vida, afinal nossa passagem por esse mundo é muito curta, se comparada à eternidade que viveremos. Portanto, não devemos perder tempo com tristezas, desentendimentos, desavenças e aborrecimentos que fazem a nossa vida perder a qualidade e o brilho”, pondera. “Quem partiu já cumpriu sua missão. Mas, e nós, que aqui estamos? O que temos feito, o que podemos fazer por um mundo melhor e para que a vida do nosso semelhante seja plena”?, indaga.
É o caso da dona Roselaine Costa Baltieri, de 65 anos. Semanalmente ela visita o Cemitério da Saudade e limpa o túmulo dos pais, Agostinho dos Santos Costa e Vicentina dos Santos Costa. “Às vezes fico mal, pensando nos meus país, mas aí eu rezo e me sinto bem. Rezo o terço e saio positiva”, diz.
Dia 2 também celebra a memória de ilustres finados
O Dia dos Finados também é uma ocasião oportuna para relembrar a memória de finados ilustres que morreram e estão sepultados em São Pedro e que, por motivos diversos, ainda vivem no imaginário coletivo da cidade.
Mentora do projeto “Além do Cemitério da Saudade”, a historiadora são-pedrense Giane Maria Adorno busca promover visitas guiadas a 12 túmulos do cemitério, localizado no bairro Santa Cruz, onde repousam alguns desses ilustres finados.
“A visita é realizada com o máximo respeito à memória desses finados, que não foram escolhidos por terem sido ricos ou famosos, mas por uma história de vida interessante ou curiosa, que às vezes desperta até a fé das pessoas, como a “Tudinha”, menina que morreu ainda muito nova e é considerada santa, por ser atribuído à ela alguns milagres, principalmente os relacionados à saúde de crianças”, explica.
Conheça algumas histórias desses ilustres finados de São Pedro:
Hércules Dante – conhecido como Tito Dante. Dono da fábrica de doces da cidade. Católico fervoroso, ministrava a eucaristia para pessoas acamadas, auxiliava a quem precisasse e as crianças amavam ir pedir doces em sua fábrica. E ele dava doces para quem pedisse. Foi atuante na vida de São Pedro, até os anos 90, década de sua morte.
Luiz Paschoaloto – Homem engenhoso e querido por todos. Qualquer pessoa que precisasse de seus serviços, estava pronto pra ajudar. Era muito habilidoso em fabricar as peças que usava para consertar as coisas. Trabalhou por muitos anos no Cine Teatro Central, onde projetava os filmes.
Hermelinda Azzini – Responsável pela expansão do bordado ponto cruz na cidade de São Pedro, transformando a cidade em Capital do Bordado
Antonieta Antonelli – Primeira prefeita da cidade e reeleita em 3 mandatos. Ajudou a divulgar a cidade como Estância Turística.
Padre Floriano Colombi – Pároco por muitos anos na cidade. Conhecido e querido por todos na cidade. Ministrou os Sacramentos e orientou a maioria da população de São Pedro, até seu falecimento nos anos 90
Apparecida Pallu – Artista plástica, responsável pelo embelezamento de várias obras públicas, como o mural, na Rodoviária de São Pedro, entre outras.
José Abílio de Paula – Foi prefeito da cidade e na sua administração, foi trazido pra cidade o ensino do antigo 2º grau, hoje Fundamental II, coisa que não existia até então. Fato esse, que necessitou de muito empenho da administração municipal.
Tudinha – Menina considerada Santa, por ser atribuído à ela alguns milagres, principalmente os relacionados à saúde de crianças
Ondina Mendes Parreira – Mulher patriota, que se alistou à Revolução Constitucionalista de 1932. Responsável pelo Programa Ouro pra São Paulo, em nossa região.
José Brás – Considerado o mais antigo tropeiro e berranteiro da cidade. Falecido com 105 anos.
Gentila Frare – Querida professora de História e Geografia. Trabalhou como diretora e, posteriormente dedicou-se ao Museu Gustavo Teixeira. Mulher muito amada por todos.
Gustavo Teixeira – poeta mais famoso de São Pedro. Foi secretário da Prefeitura. Amava escrever seus poemas, sentado no banco da praça que, posteriormente, ganhou seu nome. Foi indicado à Academia Paulista de Letras, mas faleceu antes da posse.