Os desafios de áreas pets em condomínios

Ricardo Caruso

 

Nos últimos anos, com o aumento do número de famílias com animais de estimação, a presença de áreas pets nos condomínios residenciais tornou-se uma demanda cada vez mais frequente. Essas áreas, pensadas para o lazer e o bem-estar dos pets, são projetadas para que cães, gatos e outros bichos possam brincar, interagir e se exercitar com segurança. Contudo, em diversos condomínios, a criação dessas áreas enfrenta resistência, suscitando discussões acaloradas entre moradores. Em reuniões de condomínios os moradores apresentam seus argumento e razões pelas quais são contra áreas pets.

Barulho e incomodidade: uma das principais reclamações é o ruído que os animais podem fazer, especialmente cães. Muitos condôminos temem que o latido constante e o barulho das brincadeiras incomodem quem mora perto da área pet ou até mesmo moradores de outras partes do condomínio.

Higiene e manutenção: para alguns moradores, a criação de uma área destinada aos animais implica a possibilidade de contaminação e sujeira. Existe o receio de que os tutores não recolham os dejetos de seus animais adequadamente, tornando o espaço insalubre e desagradável para todos.

Custos adicionais: outro ponto que gera polêmica é o custo de manutenção dessas áreas. A instalação de equipamentos, a manutenção do espaço e o serviço de limpeza são despesas extras que, muitas vezes, acabam repassadas na taxa de condomínio. Em prédios onde nem todos têm animais, esses custos são vistos como um ônus injusto.

Conflitos entre vizinhos: a convivência entre pessoas que gostam e convivem com animais e aquelas que preferem não ter contato com pets pode ser delicada. Algumas pessoas podem ter medo, alergias ou simplesmente não gostar da presença de animais, o que gera um desconforto e alimenta a resistência contra a implementação desses espaços.

Mas temos muitos argumentos a favor de áreas pets.

Qualidade de vida: estudos mostram que a presença de pets contribui para a saúde mental e emocional das pessoas. As áreas pet são pensadas justamente para permitir que os animais gastem energia de forma segura, reduzindo o estresse tanto para eles quanto para os tutores.

Preservação das áreas comuns: um dos benefícios diretos de uma área pet é reduzir o uso de áreas comuns para passeios, o que preserva esses espaços e minimiza conflitos. Um local específico evita que gramados, jardins ou corredores sejam usados como área de lazer animal, promovendo um convívio mais harmonioso entre todos os moradores.

Atração para novos moradores: com a demanda crescente por espaços pet-friendly, a oferta de uma área para animais pode ser um diferencial do condomínio no mercado imobiliário. Proporcionar uma estrutura para pets valoriza o condomínio, atraindo famílias e indivíduos que buscam um espaço preparado para suas necessidades e as de seus animais.

Valorização do imóvel: condomínios que contam com infraestrutura para pets podem ter uma valorização extra, pois essa é uma comodidade buscada por um número significativo de compradores e locatários.

Para superar a resistência e promover uma convivência harmoniosa, é importante que os síndicos e administradores de condomínios se esforcem para encontrar soluções que equilibrem os interesses de todos. Alguns passos importantes incluem:

  • Delimitar horários de uso: estabelecer horários específicos para o uso da área pet pode ajudar a minimizar o incômodo com barulhos.
  • Educação e comunicação: campanhas internas para conscientizar os tutores sobre a importância da limpeza e respeito aos horários e regras de uso da área pet são essenciais.
  • Criação de regras claras: definir normas para o uso do espaço, como a proibição de animais agressivos ou o uso obrigatório de coleira e guia, pode reduzir conflitos e tornar a convivência mais segura.

Embora a resistência à criação de áreas pets em condomínios seja real e motivada por preocupações legítimas, o crescimento da população de pets nas cidades e a valorização de espaços pet-friendly indicam que esse tipo de infraestrutura veio para ficar. O desafio é justamente encontrar um meio-termo que permita que todos, animais e humanos, possam conviver em harmonia e segurança.

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Ricardo Caruso, empresário, engenheiro civil e advogado

 

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