Quando falamos sobre a saúde da mulher, estamos nos referindo a um conceito que vai além da ausência de doenças. Saúde da mulher significa cuidado integral, que envolve ações de prevenção, promoção, tratamento e recuperação, respeitando as especificidades de cada fase da vida. Esse cuidado se estende desde a adolescência até a terceira idade, abordando tanto aspectos físicos quanto emocionais e sociais, com o objetivo de garantir qualidade de vida.
No Brasil, há uma série de serviços públicos de saúde disponíveis para atender às necessidades das mulheres. Um dos principais pilares desse cuidado é o Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece atendimentos essenciais e especializados. O cuidado integral à saúde da mulher engloba, por exemplo, o acompanhamento pré-natal e o parto humanizado, além de serviços de planejamento familiar e de prevenção ao câncer de mama e de colo do útero, realizados de forma gratuita.
Em todas as fases da vida, as mulheres precisam de um olhar atento e multidisciplinar, que compreenda as suas demandas específicas. Na adolescência, os serviços de saúde reprodutiva e sexual são fundamentais para orientar sobre contracepção, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e promoção de uma vida sexual saudável. Na vida adulta, o acompanhamento ginecológico regular e o acesso a exames preventivos como o Papanicolau e a mamografia são essenciais para a detecção precoce de doenças que afetam diretamente a saúde feminina.
Além disso, o envelhecimento requer uma abordagem específica para lidar com as mudanças hormonais da menopausa, os cuidados com a saúde mental e a prevenção de doenças crônicas como a osteoporose e o diabetes. Cada fase exige uma resposta diferente do sistema de saúde, mas todas têm em comum a necessidade de um acesso contínuo e equitativo a serviços de qualidade.
É importante também considerar a diversidade entre as mulheres. As necessidades de saúde de uma mulher negra, uma mulher trans ou uma mulher em situação de vulnerabilidade social podem ser diferentes, e isso precisa ser respeitado. A promoção da equidade em saúde deve garantir que todas as mulheres, independentemente de sua origem, classe social ou orientação sexual, tenham o mesmo direito a um cuidado digno e respeitoso.
A oferta de serviços de saúde para as mulheres no Brasil é vasta, mas é preciso continuar lutando para que esses serviços cheguem de forma eficiente a todas que deles necessitam. Programas como o “Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher” (PAISM), que visa o cuidado de forma integrada e humanizada, são exemplos de como o sistema público de saúde pode ser utilizado para atender essas demandas de forma eficaz.
Investir na saúde da mulher é investir na base de uma sociedade mais saudável e justa. Um cuidado integral e equitativo, com a promoção de serviços acessíveis e de qualidade, é um direito de todas as mulheres. É dever do Estado e de toda a sociedade assegurar que esse direito seja garantido, proporcionando condições para que as mulheres cuidem de sua saúde de maneira contínua e permanente, em todas as etapas da vida.
Paulo Soares, diretor do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).