A desobsessão pode auxiliar no processo de desencarnação?

Alvaro Vargas

Estamos constantemente em sintonia com o mundo espiritual, sendo que em alguns casos ocorrem obsessões provocadas por Espíritos moralmente atrasados. As causas são as mais diversas, como um estilo de vida desonesto e imoral, ou mesmo vibrações mentais negativas que atraem esses Espíritos, estabelecendo-se uma associação negativa, em que podemos passar a ser “hospedeiros” destas entidades, que aspiram as nossas energias, configurando-se como um parasitismo. Outro motivo que pode conduzir a um processo obsessivo, são os Espíritos que não perdoaram os seus inimigos quando se encontravam reencarnados na Terra, e buscam se vingar. Ao reencontrá-los, mesmo que estejam com nova vestimenta carnal, passam a obsedia-los, podendo ocasionar enfermidades e mesmo contribuir para a sua letalidade, desde que isto seja um débito cármico, passível desta ocorrência.

Entre os trabalhos de desobsessão que participamos, um em particular, chamou-nos a atenção. Foi com um paciente de nome Antônio, cuja existência era bem sofrida. Estava internado em uma clínica psiquiátrica, e após obtermos algumas informações através de sua esposa e consultado os mentores espirituais, foi identificada a presença de um Espírito obsessor, inimigo relacionado com a existência pregressa do casal. Embora Antônio fosse a vítima de um processo obsessivo, no passado delinquiu e o seu inimigo não o perdoou. Com a orientação dos benfeitores espirituais, iniciamos o trabalho espiritual com Antônio e o seu algoz, visto que ambos eram igualmente necessitados de amparo e orientação. Após várias semanas, nosso paciente teve alta da clínica, proporcionando-nos uma grande alegria ao visitar o Centro Espírita. Mas, para a nossa tristeza e frustração, em poucos dias, ele desencarnou. Entretanto, os mentores espirituais esclareceram que a situação se desenrolou conforme o esperado, devido à estreita ligação entre Antônio e o seu obsessor. Os dois foram atendidos no mundo espiritual, sendo que Antônio conseguiu concluir a expiação do seu carma adquirido no passado. O afastamento de seu obsessor, embora tenha contribuído na desencarnação, ao debilitá-lo, esta não foi a razão principal de seu óbito, que já estava em curso.

O Espiritismo esclarece que, embora não exista um fatalismo, geralmente temos a data de nosso regresso para o mundo espiritual programada. Ninguém “morre” antes do período previsto, a menos que cometa um suicídio voluntário ou involuntário. Em uma obra psicografada pelo Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. Nos domínios da Mediunidade, cap. 21), ele relata uma desencarnação relacionada com o afastamento de um Espírito obsessor, semelhante à situação ocorrida com Antônio. No caso, a vítima de nome Elisa atraiu o Espírito daquele que havia sido o seu filho e desencarnado, num suicídio involuntário. Através da sintonia mental, ela vivenciava os mesmos quadros mentais deploráveis do filho, alucinações comuns das vítimas do alcoolismo crônico. Mesmo sendo uma situação lamentável, segundo o mentor espiritual, Elisa recebia o que procurava ardentemente, a aproximação do filho, que inconscientemente, a obsediava. Visando libertá-la deste processo doloroso, o obsessor foi afastado. Contudo, Elisa, que antes estava agindo com alguma animação, entrou em absoluta prostração, pois, era justamente o seu filho quem lhe alimentava a excitação mental, e ela passou dispor apenas das próprias energias. A doente, então, calou-se subitamente e, mesmo enxergando e ouvindo, não conseguiu mais falar, não reagindo à cooperação magnética dos benfeitores espirituais. Na sequência, ocorreu um processo anginoso, resultando na sua desencarnação. Similarmente à desencarnação de Antônio, Elisa também foi beneficiada pela desobsessão, pois, ambos, libertos e esclarecidos na erraticidade, poderiam prosseguir com maior facilidade em suas rotas evolutivas.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-PhD, presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

 

 

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