Gregório José
Ah, que saudade dos bons tempos, ou será que não? Tem coisa que, olhando agora, faz a gente pensar: como é que deixaram isso acontecer? Mas, naquele tempo a vida era simples, tão simples que a gente fumava em qualquer lugar e achava o máximo! Se você nunca acendeu um cigarro no meio de um restaurante ou deu umas tragadas em pleno voo, parabéns, nasceu depois da civilização. Antes era comum sair de um restaurante defumado, de graça! Agora, coitado de quem acende um cigarro dentro de qualquer lugar fechado, vai parar na fogueira social.
E as sacolas plásticas hein? Saíam voando no caixa como prêmios. Comprava uma bala, ganhava cinco sacolas! Um verdadeiro desfile de poluição. Hoje em dia, em algumas cidades (principalmente no exterior), se você não levar sua sacolinha reutilizável para feira, fica com cara de dinossauro que não entendeu a extinção ambiental. Nem falar do olhar de desaprovação do atendente, tipo ser pego com sacola plástica em plena reunião do Greenpeace.
Agora, pensa em piada preconceituosa! Sim, piada daquelas rolavam soltas e ninguém piscava o olho. Era o famoso humor que envelheceu pior que leite fora da geladeira. Hoje em dia, tentam contar uma dessas e, bom, melhor nem tentar. O mínimo que acontece é um silêncio sepulcral e a sensação de que a civilização evoluiu sem você.
Já no quesito publicidade, o céu era o limite da mentira. Cremes que faziam você parecer dez anos mais jovem, ou cem anos mais sábio, pílulas mágicas que te emagreciam enquanto comia pizza. A regra era uma só, acreditar. Agora, se um produto promete o impossível, os fiscais caem em cima. Já não se vê mais anúncios dizendo que “esse shake te transforma no Arnold Schwarzenegger em três goles”.
E celular ao volante? Era quase uma performance de circo: dirigir, falar no telefone, trocar de marcha e quem sabe, mandar uma mensagem com o cotovelo. Tudo ao mesmo tempo! Só faltava rodar pratos. Hoje, com essa mania de vida segura, o celular no volante é praticamente um convite para pagar uma multa que te faz repensar a existência.
Agora, o auge mesmo era na educação das crianças. Um tapinha, um beliscão e o famoso chinelo voador eram os métodos pedagógicos. Mas de uns tempos pra cá, qualquer coisa mais violenta que uma bronca já faz a criançada gritar: “vou chamar o Conselho Tutelar!” Os pais, antes destemidos, agora se transformaram em negociadores de paz, mais habilidosos que diplomatas da Onu.
E a internet? Ah, aquele velho oeste digital! Todo mundo compartilhando dados como se fossem bombons em festa de criança. Senha era 1234 e ainda chamavam de segura. Hoje, privacidade digital virou religião, todo mundo protegido com senhas que parecem fórmulas matemáticas e aplicativos que pedem a digital, a íris e o DNA antes de acessar qualquer coisa.
Acessibilidade? Há 20 anos, o único software que rodava para todos era o WordArt nas apresentações escolares. Pessoas com deficiência? Pouca ou nenhuma preocupação. Agora, os sites precisam ser amigáveis até com seu gato cego, e isso é realmente fantástico!
A verdade é que o mundo mudou, e nem sempre foi para pior. A gente parou de sufocar o próximo com fumaça, de fazer humor questionável e de criar filhos na base da porrada. Agora é só esperar para ver quais das nossas práticas atuais serão ridicularizadas daqui há 20 anos. Aposto que as selfies vão entrar nessa lista!
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo, pós graduado em Gestão Escolar, Ciências Políticas, Mediação e Conciliação e MBA em Gestão Pública.