Resiliência urbana em Piracicaba

Rafael Jacob

 

Nos últimos anos, as mudanças climáticas têm se intensificado em todo o mundo, revelando a fragilidade das nossas cidades diante de eventos climáticos extremos. Seja através de enchentes, secas severas ou fenômenos atmosféricos intensos, o impacto dessas mudanças é inegável. E, ao contrário do que alguns podem imaginar, Piracicaba não está imune a essas adversidades. Pelo contrário, nossa cidade já vivenciou episódios marcantes que reforçam a necessidade urgente de prepararmos Piracicaba para enfrentar os desafios que o clima imprevisível traz.

A resiliência urbana, um conceito que dialoga diretamente com a sustentabilidade, refere-se à capacidade de uma cidade se adaptar e resistir a adversidades sem comprometer sua funcionalidade e qualidade de vida para seus cidadãos. No contexto das mudanças climáticas, resiliência urbana não é apenas desejável, mas essencial para garantir que as gerações futuras herdem uma cidade forte, segura e sustentável.

Um exemplo que nos faz refletir sobre a necessidade de maior resiliência urbana em Piracicaba ocorreu em 2010, quando a cheia do Rio Piracicaba inundou áreas importantes da cidade, incluindo a tradicional Rua do Porto. Mais tarde, em 2014, enfrentamos uma das maiores crises hídricas da história da região, com o Sistema Cantareira atingindo níveis alarmantes. Esses eventos demonstram que Piracicaba já enfrenta diretamente os efeitos das mudanças climáticas e que medidas mais proativas precisam ser implementadas.

Atualmente, Piracicaba está na lista de cidades com alto risco de enchentes, e o abastecimento de água continua a ser um desafio, com diversas regiões sofrendo com a falta de água em períodos críticos. Esses fatores evidenciam que a resiliência da nossa cidade precisa ser fortalecida, principalmente em dois pontos cruciais: a mitigação do risco de enchentes e a garantia do fornecimento de água tratada.

Em relação às enchentes, é imperativo garantir o bom funcionamento e a expansão da rede de drenagem urbana para suportar o crescimento populacional e o aumento de áreas impermeabilizadas. Além disso, devemos preservar as áreas de vegetação e as Áreas de Preservação Permanente (APPs), que funcionam como barreiras naturais para controlar o volume de águas pluviais e reduzir o impacto das enchentes.

No que tange ao fornecimento de água, é crucial diversificarmos as fontes de captação e tratarmos com seriedade a redução do consumo, promovendo, por exemplo, a coleta de água da chuva. A modernização e a redução das perdas no sistema de abastecimento são outras medidas que podem melhorar significativamente a resiliência hídrica da cidade, evitando o desperdício de um recurso que já se mostra cada vez mais escasso.

Não menos importante é a elaboração de um plano de emergência detalhado, para que a população e os órgãos responsáveis saibam exatamente como agir em momentos de crise. A falta de preparo pode transformar uma adversidade em uma catástrofe, e a prevenção é sempre o melhor caminho.

Para que Piracicaba se torne verdadeiramente resiliente diante das mudanças climáticas, é vital que haja um comprometimento coletivo, começando pela Câmara de Vereadores, que deve estar engajada em criar e aprovar projetos voltados à sustentabilidade e ao meio ambiente. A liderança local precisa estar alinhada com o propósito de transformar nossa cidade em um modelo de resiliência urbana, garantindo, assim, um futuro mais seguro e sustentável para todos nós.

Com a adoção de políticas públicas eficazes e o engajamento da população, Piracicaba pode trilhar o caminho da resiliência e se tornar um exemplo de adaptação às mudanças climáticas.

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Rafael Jacob, Engenheiro Mecânico pela Universidade de São Paulo (USP) com Especialização na Europa. É candidato a vereador pelo Partido Verde (PV) em Piracicaba

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