As mudanças climáticas têm intensificado as ondas de calor, tornando-se um problema cada vez mais frequente em várias regiões do Brasil. Em algumas áreas, as temperaturas ultrapassam os 40 graus Celsius, o que representa um risco significativo para a saúde da população. Diante desse cenário, é essencial adotar cuidados para minimizar os efeitos do calor extremo, protegendo a pele, a hidratação e evitando atividades que exijam esforço físico excessivo. Além disso, cabe ao poder público implementar ações para garantir a qualidade de vida da população durante esses eventos climáticos extremos.
Cuidados com a Pele – A exposição prolongada ao sol em dias de calor intenso pode causar sérios danos à pele, como queimaduras, envelhecimento precoce e aumentar o risco de câncer de pele. É indispensável usar protetor solar com fator de proteção elevado (FPS 30 ou mais) e reaplicá-lo a cada duas horas. Chapéus, bonés e roupas leves que cubram boa parte do corpo também são recomendados, especialmente se for necessário sair ao ar livre durante os horários de pico de radiação solar, entre 10h e 16h. A hidratação da pele com cremes à base de água ou géis também ajuda a prevenir o ressecamento.
Hidratação Adequada – Em dias de calor extremo, a desidratação é um risco real. O corpo perde mais líquido e sais minerais através do suor, o que pode levar a tonturas, cãibras e, em casos mais graves, ao choque térmico. Portanto, é fundamental ingerir água com regularidade, mesmo sem sentir sede. Bebidas isotônicas podem ser uma alternativa para repor os eletrólitos perdidos, mas devem ser consumidas com moderação. Frutas com alto teor de água, como melancia e melão, e sucos naturais também são boas opções para manter o corpo hidratado.
Alimentação Leve – A alimentação também precisa ser adaptada em dias de calor intenso. Prefira refeições leves, com saladas, frutas e proteínas magras. Evite alimentos gordurosos, pesados e de difícil digestão, que podem sobrecarregar o organismo e aumentar a sensação de mal-estar. Manter uma dieta balanceada ajuda a reduzir o risco de problemas gastrointestinais e proporciona maior sensação de energia e bem-estar.
Atividades ao Ar Livre – Durante ondas de calor, é importante evitar atividades físicas ao ar livre nos horários mais quentes do dia. Se for necessário realizar algum tipo de exercício, opte por horários em que a temperatura esteja mais amena, como cedo pela manhã ou à noite. As altas temperaturas sobrecarregam o sistema cardiovascular, aumentando a pressão arterial e os riscos de desidratação e insolação. Para quem trabalha exposto ao sol, como profissionais da construção civil e trabalhadores rurais, é essencial buscar sombra sempre que possível, usar roupas apropriadas e fazer pausas frequentes para descanso e hidratação.
O Papel do Poder Público – O aumento das ondas de calor não é apenas uma questão individual, mas também exige respostas coordenadas por parte do poder público. Uma das principais medidas é a criação de políticas de saúde pública que alertem a população sobre os riscos e forneçam orientações de prevenção durante picos de temperatura. A instalação de pontos de distribuição de água em locais estratégicos, como praças e parques, e a criação de áreas de sombra com arborização urbana são ações que podem ajudar a mitigar o impacto do calor extremo.
Além disso, é necessário planejar a infraestrutura urbana para suportar altas temperaturas. Investir em áreas verdes e em projetos de telhados verdes e fachadas frescas em prédios públicos contribui para diminuir o efeito de ilhas de calor nas cidades. Também é fundamental que os governos municipais e estaduais integrem medidas de emergência nos serviços de saúde, com reforço de atendimento hospitalar e campanhas de conscientização sobre primeiros socorros em casos de insolação e desidratação.
O enfrentamento das ondas de calor passa por ações estruturais e educativas, além de uma resposta efetiva para a população mais vulnerável, como idosos, crianças e pessoas em situação de rua. Políticas integradas, que contemplem planejamento urbano, saúde e assistência social, são essenciais para que possamos adaptar nossas cidades aos novos desafios climáticos e proteger a saúde de todos.
Dessa forma, a responsabilidade é compartilhada: enquanto a população deve adotar cuidados individuais, o poder público precisa agir de maneira decisiva para prevenir crises de saúde pública diante de emergências climáticas cada vez mais intensas e frequentes.
Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).