Empresa inicia operação inédita de transporte de bobinas de aço com caminhão 100% elétrico; empresa deve implementar mais quatro caminhões na frota
Com o objetivo de reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) em suas operações logísticas e contribuir para a sua meta global de descarbonização, a ArcelorMittal passou a contar desde agosto com o primeiro caminhão 100% elétrico em sua operação.
Com a operação, a ArcelorMittal torna-se pioneira no Brasil no uso de caminhão 100% elétrico no transporte de bobinas de aço. O veículo, o primeiro caminhão elétrico da Volvo em Santa Catarina, tem capacidade de transportar 30 toneladas de carga por viagem e faz parte da frota da transportadora Woeu. Até o final deste ano está prevista a entrada de mais quatro caminhões na operação, cada um com capacidade de 48 toneladas por viagem, em parceria com demais transportadores.
Juntos, estes veículos irão viabilizar o transporte de 120 mil toneladas de aço ao ano, representando a diminuição de mais de 800 toneladas de GEE de emissão anuais.
Estão previstas na operação rotas regionais de até 200 quilômetros, a partir da unidade da ArcelorMittal em São Francisco do Sul, Santa Catarina.
A iniciativa de utilizar caminhões elétricos e mudar a matriz energética de suas operações logísticas surgiu no final de 2023. A ArcelorMittal é uma referência por suas boas práticas sustentáveis na área logística, inclusive com certificação do Programa de Logística Verde Brasil por ter a sustentabilidade como um valor em suas operações, devido a aplicação de otimização dos caminhões nas rotas, uso de meios de transporte alternativos, como a cabotagem break bulk, container e ferrovia para atender alguns destinos.
Os testes com um caminhão 100% elétrico iniciaram em janeiro deste ano. O percurso de 488 quilômetros incluiu trechos de serra e envolveu três rotas de entrega, onde constataram que o caminhão elétrico apresenta a mesma condição de dirigibilidade, segurança e facilidade de operação.
Além disso possui custos de manutenção inferiores aos caminhões convencionais a combustão a diesel e pode operar em regime ininterrupto, com paradas curtas para recarregar as baterias. A ArcelorMittal foi a primeira produtora de aço brasileira a testar um caminhão 100% elétrico no transporte de bobinas em rotas de curta e média distância.
Segundo Eduardo Crescente Raya, Diretor de Planejamento e Logística do segmento de Aços Planos da ArcelorMittal, o próximo passo é avaliar novas alternativas e rotas com as transportadoras parceiras para a empresa avançar neste novo modelo operacional. “O uso de energia elétrica torna o transporte de cargas mais viável, sustentável e limpo. Além de agregar o valor ao nosso negócio, mostrando aos nossos clientes nosso compromisso com a descarbonização, é um grande passo para consolidarmos nossa estratégia de produzir aços inteligentes para as pessoas e o planeta”, avalia Raya.
META – O Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor ao lançar a meta global de ser carbono neutro até 2050 e, como passo intermediário, reduzir em 25% suas emissões específicas até 2030. Além de investir na inovação e no desenvolvimento de produtos em favor da descarbonização da cadeia, como a linha XCarb©, foi estabelecido um roadmap que se desdobra em planos diretores nos 15 países de atuação do Grupo. No Brasil, o Plano Diretor de CO2 definiu estratégias e metas focadas em cinco vertentes: transformação da produção de aço, eficiência energética, incremento do uso de sucata, energia limpa e compensação das emissões residuais.
Geração de energia renovável supre 90% da demanda elétrica
Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), com base em dados e estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a fonte solar foi responsável por 9,6% de todo o suprimento elétrico do Brasil, entre os meses de agosto e setembro de 2024 (1/8 a 19/9), com mais de 7,5 mil megawatts médios (MWmédios), tendo pouco mais da metade do abastecimento vindo da geração própria solar (4,6 mil MWmédios), ou seja, sistemas solares instalados em telhados e pequenos terrenos. Somando também as demais fontes renováveis, como hídrica (49 mil MWmédios), eólica (11 mil MWmédios) e biomassa (1,4 mil MWmédios), o abastecimento renovável neste período chegou a cerca de 90,4% da demanda elétrica brasileira.
Neste mês de outubro, os consumidores brasileiros pagarão, com a bandeira vermelha patamar 2, um adicional de quase 8%, com R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no mês, resultado do acionamento de termelétricas fósseis emergenciais.
Na avaliação da Absolar, esse cenário poderia ser ainda mais preocupante. Com mais de 47 gigawatts (GW) de potência instalada operacional, somando as grandes usinas e os pequenos sistemas de geração própria solar, a tecnologia fotovoltaica já evitou a emissão de 57 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade desde 2012.
Durante a crise hídrica anterior, de 2021, até então a maior dos últimos 91 anos, o governo criou a bandeira vermelha escassez hídrica e os consumidores arcaram com custos adicionais de R$ 28 bilhões, por conta do uso de todas as termelétricas fósseis emergenciais e da importação de eletricidade da Argentina e Uruguai. A consultoria especializada Volt Robotics fez estudo sobre o papel da geração distribuída solar naquele período e constatou que o custo teria sido de R$ 41,6 bilhões, ou seja, 48,6% maior, caso a sociedade não tivesse geração própria solar. Naquela época, o Brasil tinha apenas 7,5 GW em sistemas solares em telhados e pequenos terrenos.
Segundo a associação, a atual crise climática no Brasil, que já acumula impactos bilionários à sociedade, com alagamentos, secas históricas, queimadas e mais gastos com saúde pública, estaria num patamar ainda pior, se não fosse o alívio à demanda e aos recursos hídricos, proporcionados pelas fontes renováveis não-hídricas. “Sem estas fontes renováveis, as tarifas estariam mais altas, o risco ao abastecimento seria maior e o ar estaria sobrecarregado com mais poluentes e gases de efeito estufa”, aponta Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar.
Na visão de Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar, o atual cenário acende um alerta para a necessidade de reforçar o planejamento e os investimentos na infraestrutura do setor elétrico, sobretudo em linhas de transmissão e novas formas de armazenar a energia limpa e renovável, gerada em abundância no País.
“O uso da energia renovável combinada com tecnologias de armazenamento pode aliviar ainda mais a pressão sobre as tarifas de energia elétrica e o consequente aumento na inflação, que corrói o poder de compra das famílias e a competitividade dos setores produtivos. Neste cenário, a energia solar é uma das melhores soluções para se proteger das bandeiras tarifárias e, assim, aliviar o bolso dos brasileiros, diante de um cenário hídrico cada vez mais desafiador”, conclui Koloszuk.