Eduardo Simões
Não querendo ser coruja, mas já sendo, a minha netinha Maria Antonia é espetacular: bonita, inteligente como é costume na família, e no verdor dos seus dez meses, toda vez que se fala o nome de alguma coisa, ela diz buff! E fica sendo o nome da coisa e de tudo ao seu redor. Lembro disso ao ouvir as declarações de nosso presidente, na ONU, onde o tamanho de nosso país e o discernimento do presidente pareceram angustiosamente pequenos.
Numa de suas falas ele lançou invectivas contra as instituições de um tal Bed Ude. Fiquei pensando: isso é macho ou fêmea ou outra coisa do gênero? Mas logo deduzi: Bretton Woods! O local onde foram colocadas as bases do Fundo Monetário Internacional, e deduzi que quem escreve os textos de Lula vota em Bolsonaro, pois o teria poupado de palavras estrangeiras, que ele nunca soube pronunciar. A não ser que tenha acordado mais “ômi” que o de costume. Põe isso aí, que hoje eu vou mostrar com quantos paus se faz um carro de corrida. Nessa noite ele foi para a cama com o Bed Ude, e nem sei se a Janja notou.
O trecho do mundo onde o Brasil tem peso para falar grosso é na América Latina, mas nem aqui ele se faz respeitar. O país afiançou as eleições na Venezuela e garantiu a lisura do pleito e a segurança da oposição. Houve uma bizarra, grotesca e extravagante farsa, e Baby Lula nem para dizer isso, preferindo a saída dos covardes, dos corruptos: o silêncio, como se a assinatura do Brasil num acordo internacional não valesse nada.
Isso, na verdade, foi intencional, faz parte do projeto Grande Brasil, nas relações internacionais, que não vai mais perder tempo com ninharias, e já sai comprando briga com Israel, enquanto se une a grandes e “respeitáveis” potências, como China e Rússia, para parir um plano de paz infalível para a Ucrânia, igual àquele que ele disse que traria a paz para o Oriente Médio, no seu segundo mandato. Existem também os que aprendem.
O plano de paz China-Brasil é uma infâmia. A China sabe disso, e não se manifesta. Fica calada, deixa que Baby Lula toque a fanfarra e faça o alarde sem ter a menor ideia dos interesses ocultos nele, porque:
- a) Propõe o congelamento da guerra, sacramentando a perda pela Ucrânia de 20% de seu território, em troca de discussões em uma assembleia de países do Sul Global, para se chegar a um modus vivendi pacífico, Deus sabe lá quando, como nas assembleias de estudantes.
- b) A Rússia adora esse plano, que lhe dá um tempo, para se recuperar militarmente, repor perdas e voltar ao ataque com toda força, para tomar o resto da Ucrânia.
- c) A China tem a esperança que a União europeia e EUA não aceitem esse plano, pois o prolongamento da guerra exaure a Rússia, e assim ela consegue minérios estratégicos baratos, e pode até sonhar em recuperar terras que perdeu para a Rússia no século XIX.
- d) Grupos na União Europeia e EUA, como os lepenistas (de Le Penn) e orbanistas (de Orbán), por questões mais raciais (os russos são brancos) e trumpistas, por razões raciais, geopolíticas e econômicas, temem o fortalecimento da China às custas da Rússia, e junto com Baby Lula agem pela Rússia. Coerentemente.
O nosso Baby tem certeza que se conseguir costurar esse acordo asfaltará o seu caminho para o Prêmio Nobel. Por que a Ucrânia se submeterá a ele, se o Brasil, seu maior propagandista e fiador, se deixou desmoralizar de forma tão vil pela Venezuela, onde havia muito menos em jogo?
Os maiores líderes democráticos já perceberam a duplicidade de Baby Lula. Ele achava realmente que depois de ter se juntado a Alexandre de Moraes para constrangedor o maior empresário americano, e, injustamente, prejudicar os seus negócios no Brasil, que isso ia ficar barato? Os agentes do serviço secreto americano forjaram um desentendimento com os brasileiros, e não houve o encontro de Lula com Biden. Contentou-se com o velho Bill Gates.
Biden pode estar mentalmente destroçado, compreensivamente, mas não a ponto de deixar-se fotografar ao lado de nosso Baby, às vésperas de uma eleição.
O progresso de Maria Antonia nos traz alegria e preocupação, pois à medida em que ela cresce e se torna mais autônoma, aparecem mais possibilidades de acidentes com os objetos e equipamentos da casa, para não falar do seu interesse precoce e hipnotizante pela TV. Por isso nós a desligamos, a TV, quando tem criança na sala. E os brasileiros, quando será que vão cuidar da sua criança, antes que ele faça algo de que todos nos arrependamos? Ah, se ele ao menos só soubesse falar buff!
——
Eduardo Simões