Rafael Jacob
A mobilidade urbana é um dos grandes desafios contemporâneos das cidades. Piracicaba, como muitas outras, enfrenta questões críticas relacionadas ao trânsito, à emissão de gases de efeito estufa e à qualidade de vida dos seus cidadãos. Para solucioná-las, é preciso transformar o modo como nos deslocamos pela cidade. A busca por alternativas sustentáveis não é apenas um desejo, mas uma necessidade urgente.
O transporte é uma das maiores fontes de emissão de CO2 em centros urbanos, contribuindo diretamente para o agravamento das mudanças climáticas. Além disso, o tráfego intenso, a falta de infraestrutura adequada e o transporte público deficiente geram estresse, perda de tempo e uma sobrecarga financeira aos cidadãos. O cenário exige uma reavaliação das nossas práticas e uma atitude proativa para construir um futuro onde a mobilidade seja eficiente, saudável e sustentável.
Nesse contexto, as ciclovias surgem como uma solução simples, mas poderosa. Em muitas cidades ao redor do mundo, como Paris, a bicicleta deixou de ser apenas um meio de recreação para se tornar um transporte eficaz, prático e ecológico. Mas, para que essa transformação ocorra, é necessário que Piracicaba repense seu planejamento urbano.
Atualmente, as ciclovias de Piracicaba, apesar de serem excelentes para lazer e exercício, não estão integradas a um sistema maior que permita o uso cotidiano da bicicleta como meio de transporte. A solução passa pela interligação dessas ciclovias, criando uma malha que cubra a cidade de norte a sul e de leste a oeste, oferecendo trajetos seguros e contínuos. Assim, os cidadãos poderiam pedalar sem se preocupar com interrupções ou riscos.
A bicicleta tem um enorme potencial de inclusão. É um meio de transporte acessível, com baixos custos de aquisição e manutenção, o que a torna democrática. Eu mesmo, quando jovem, utilizei a bicicleta como principal meio de deslocamento entre as três escolas que frequentava diariamente. Esse hábito, além de econômico, foi fundamental para manter minha saúde e disposição em alta. No entanto, com o passar dos anos, a insegurança no trânsito me afastou desse transporte. Esse é o ponto crucial: sem segurança, dificilmente as pessoas optarão pela bicicleta como meio de transporte diário.
Além da ampliação e interligação das ciclovias, podemos avançar com inovações como sistemas de aluguel de bicicletas, patinetes elétricos e até triciclos adaptados para cadeirantes, permitindo maior mobilidade a todos os cidadãos. A disseminação de bicicletários seguros pela cidade também é essencial para promover esse novo paradigma de deslocamento.
A mobilidade sustentável não pode se restringir apenas às ciclovias. A integração de ônibus elétricos e outras soluções ecológicas contribuiria para uma cidade mais limpa e menos poluída, melhorando a qualidade de vida da população. O resultado seria uma cidade menos congestionada, com menos emissões de CO2 e cidadãos mais saudáveis e menos estressados.
No entanto, para que essas ideias saiam do papel, é essencial o engajamento do poder legislativo. Projetos que visam à melhoria da mobilidade sustentável devem ser discutidos e aprovados na Câmara Municipal. Precisamos de representantes comprometidos com essa visão transformacional, que tenham coragem de inovar e implementar soluções que garantam um futuro melhor para Piracicaba. Somente com esse espírito de mudança será possível trilhar o caminho para uma cidade mais humana, inteligente e sustentável.
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Rafael Jacob, Engenheiro Mecânico pela Universidade de São Paulo (USP) com Especialização na Europa. É candidato a vereador em Piracicaba pelo Partido Verde (PV)