Rafael Jacob
Piracicaba, conhecida por seu espírito empreendedor e pelas riquezas culturais e naturais, enfrenta hoje um desafio que, embora invisível, impacta profundamente a vida de seus cidadãos: a saúde mental. Muitas vezes relegada a segundo plano, essa questão é central para o bem-estar individual e para o desenvolvimento de uma comunidade saudável, produtiva e próspera.
É inegável que nosso estado mental influencia todos os aspectos de nossa existência. Os grandes pensadores já sabiam: a qualidade de nossas vidas depende, em grande parte, da qualidade de nossos pensamentos e emoções. No entanto, a saúde mental ainda é vista, por muitos, de maneira simplista e binária, como se apenas dois extremos existissem — sanidade ou loucura. Nada poderia estar mais distante da realidade.
A mente humana, tal qual o corpo, está sujeita a diversas condições. A depressão, por exemplo, é uma das doenças mais prevalentes no mundo e afeta pessoas de todas as idades, profissões e classes sociais. Mas ela é apenas uma das muitas expressões de um problema mais amplo. Estresse, ansiedade, burnout e transtornos de humor afetam uma parcela significativa da população, e os impactos vão muito além do indivíduo, atingindo famílias, empresas e a economia como um todo.
Em Piracicaba, os reflexos dessa situação são evidentes. Do absenteísmo no trabalho às crescentes tensões no trânsito, passando pela redução da produtividade em setores essenciais, as doenças psicológicas têm um efeito dominó que gera prejuízos difíceis de serem mensurados, mas profundamente sentidos. Esses efeitos podem ser ainda mais prejudiciais quando pensamos em crianças que crescem em lares ou estudam em escolas onde o estresse e a depressão não são tratados adequadamente. A saúde mental, portanto, é uma questão estrutural e intergeracional.
Para que Piracicaba continue a ser um lugar onde seus habitantes tenham orgulho de viver, é urgente que a questão da saúde mental seja tratada com a devida seriedade. Felizmente, já contamos com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que oferece atendimento psicológico gratuito. No entanto, o caminho para uma cidade mentalmente saudável ainda é longo. É necessário expandir a capacidade de atendimento, não apenas em número de profissionais, mas também em locais de apoio e tratamento, seja através de novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), seja por meio de parcerias com psicólogos autônomos.
Além da ampliação, outro ponto crucial é a conscientização da população. Ainda hoje, há um grande estigma em torno da saúde mental. Muitas pessoas não procuram ajuda por medo de serem julgadas ou marginalizadas. É fundamental que quebremos esse ciclo de preconceito e disseminemos informações corretas sobre o tema, inclusive ferramentas de prevenção, como a prática de meditação, que já se mostrou eficaz na redução do estresse e no aumento da qualidade de vida.
Essa transformação exige uma ação coordenada e estratégica, que deve nascer tanto do poder público quanto da sociedade civil. Projetos de conscientização, leis que garantam o acesso a tratamento de qualidade e ações preventivas são passos essenciais para criar uma cidade mais equilibrada, onde o bem-estar de todos seja prioridade.
Por isso, é fundamental que tenhamos representantes políticos comprometidos com essa causa. Vereadores preparados, que compreendam a complexidade da saúde mental e lutem por políticas públicas estruturais, são peças-chave para que Piracicaba avance nesse campo. Apenas assim, poderemos garantir que nossa cidade continue a prosperar, não apenas em termos econômicos, mas como um lugar verdadeiramente acolhedor e saudável para se viver.
A saúde mental não é um luxo ou uma questão individual; ela é um pilar essencial para o desenvolvimento de uma sociedade. Cuidar dela é investir em um futuro melhor para todos.
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Rafael Jacob, Engenheiro Mecânico pela Universidade de São Paulo (USP) com Especialização na Europa. É candidato a vereador em Piracicaba pelo Partido Verde (PV)