Gregório José
Ah, o som do progresso! Aquele maravilhoso plim que invade as salas de aula, as filas dos caixas, os corredores das empresas. Um sinal dos tempos modernos, meus caros! Estamos todos conectados, interligados, presos aos nossos adorados celulares e tablets. E lá vem o MEC com uma ideia retrógrada, proibindo os brinquedinhos nas escolas. O que será de nós sem o precioso “plim”?
Pensem bem: antes, na sala de aula, você estava lá, tentando prestar atenção na aula de química, ouvindo o professor explicar o tal do átomo (que, diga-se de passagem, ninguém vê mesmo). E de repente… plim! Uma mensagem chega! O mundo digital chama! E quem sou eu, ou você, para ignorar o chamado das redes sociais? Deixemos o átomo em paz! Existe coisa mais importante que um meme novinho em folha, uma mensagem da sua tia comentando o churrasco do fim de semana, ou o meme da professora com a cara distorcida? Sabedoria ancestral sendo passada por vídeos de dancinhas!
Mas agora, o MEC quer acabar com essa festa. Proibir os celulares nas escolas! Logo aqui, no Brasil, país tão apaixonado por avanços tecnológicos, onde a fila do supermercado virou um espaço de meditação e reflexão, enquanto o caixa manda mensagens e ri sozinho. O cliente? Ah, ele espera pacientemente, quase um monge budista, enquanto seu troco não vem. Afinal, o caixa está ocupado, em contato com as divindades digitais.
E nas empresas, hein? A produtividade só cresce! Não sei por quê tanta reclamação de chefes. Antes, na era analógica, o funcionário apenas conversava na copa, tomava café, batia papo com o colega. Agora, olha só o avanço: ele pode fazer isso, mas de maneira mais eficaz e digital! Ele curte uma foto, compartilha uma piada, manda um coraçãozinho para a avó, tudo sem sair da mesa. Tecnologia a serviço do tempo! Genial, não?
E o problema é global, dizem. França, Finlândia, Canadá… Todos esses países-modelo, que adoram se gabar de suas maravilhosas taxas de alfabetização e qualidade de ensino, começaram a perceber que talvez, quem diria, o plim não seja o som mais propício para educar alguém. A ideia de proibir celulares nas salas de aula já está rolando nesses lugares – e com isso, eles pensam que vão melhorar a concentração dos alunos. Coitados. Um mundo sem memes em sala de aula é um mundo sem cor.
Claro, tem aqueles mais antiquados que dizem que “a educação está se deteriorando”. Que exagero! Quem precisa de atenção plena na sala de aula quando pode dar uma espiada no TikTok ou no Instagram? Quem precisa escutar o professor quando pode assistir ao último vídeo de “desafio do dia”? O importante é manter a conexão. Entre o jovem e o mundo digital, claro, porque entre ele e a educação… Bom, isso é conversa de velho.
Mas parece que o tal do Camilo Santana, nosso ministro da Educação, está levando essa história a sério. Ele vem falando em “estudos científicos”, “recomendações da Unesco” e outras baboseiras do tipo. E eu me pergunto: será que ele já olhou o resultado de uma boa postagem viral? Isso sim é impacto, meus amigos. Educação? Bobagem. O futuro está nos memes.
Mas, ei, quer saber? Vamos deixar de lado essa rabugice toda e encarar a verdade. O plim é o novo som do sucesso. Estamos avançando para um futuro glorioso, onde o conhecimento será transmitido por hashtags e threads, e não por esses chatos livros, aulas e professores. Proibir celulares nas escolas? Um retrocesso completo. Mas, quem sabe, se proibirem mesmo, talvez eu volte a prestar atenção nas aulas. Afinal, sem o plim, o que mais eu teria para fazer?
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Gregório José, jornalista, radialista e filósofo