Queimadas: São Pedro registra média de 13 ocorrências por mês

Ao todo, 498 mil metros quadrados foram consumidos pelo fogo, a maioria em áreas de vegetação da cidade

Quase sempre que um processo de combustão e queima é iniciado em alguma floresta, unidade de conservação ambiental e demais áreas de vegetação, é sinal de que uma série de ações de educação e prevenção dos órgãos públicos foi, negligentemente ou intencionalmente, ignorada e desobedecida.

É o que tem sido observado, nos últimos meses, em todo o país, que registra um crescimento recorde do número de queimadas e de áreas devastadas pelo fogo. Em São Pedro, isso não tem sido diferente. Mesmo sendo referência na região em políticas de prevenção e combate a incêndios, foram registradas no município 76 ocorrências de fogo em áreas de vegetação no ano de 2023, ante 116 ocorrências até a primeira quinzena de setembro de 2024. Ou seja, restam ainda três meses e meio para o término do ano e a quantidade de queimadas de 2024 no município já é 52% maior que o número de ocorrências de 2023. Mais do que o triplo, se considerada a média mensal, de 13 ocorrências por mês, contra seis, em 2023. Os dados são oficiais, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, e foram fornecidos pelo sargento Ricardo Migatta, comandante da base da corporação em São Pedro.

Em área consumida pelo fogo, isso representa um total de 498.210 mil metros quadrados, um aumento de 150% em comparação aos 199 mil metros quadrados destruídos em 2023.

Segundo o sargento Migatta, as causas de tamanha devastação pelo fogo são diversas, mas quase sempre relacionadas a ações de imprudência e negligência de algumas poucas pessoas, que causam sérios prejuízos à fauna e à flora locais e à vida de toda a sociedade.

“Quase sempre esses incêndios tem origem a partir de ações imprudentes de renovação de pastos, de limpeza de terreno e eliminação de vegetação rasteira e outras ações perigosas, como queima de lixo doméstico, fogueiras e descarte inadequado de bitucas de cigarro, além da prática de soltar balões”, disse o comandante, que lembrou, ainda, que o ato de fabricação, venda ou uso de balões com potencial de incêndio é considerado crime ambiental no Brasil, previsto no Código Penal (Artigo 261) e na Lei de Crimes Ambientais (artigo 42).

Ele destacou também a importância da parceria da Prefeitura de São Pedro nos projetos “Bombeiro Mirim” e “Bombeiro na Escola”, do Corpo de Bombeiros, destinado às crianças e adolescentes da rede municipal de ensino. “Com o apoio da Prefeitura, temos levado conhecimento, informação e toda a nossa experiência para a criação e fortalecimento de uma consciência ambiental, com a valorização de ideais de cidadania e civismo nesses alunos, que serão os responsáveis pelo futuro do nosso planeta”, celebrou.

Trabalho da Defesa Civil impede avanço do fogo

Além do Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil tem se consolidado no município como um importante e estratégico agente de proteção, prevenção, auxílio, orientação e estratégia em ocorrências, o que inclui o combate a incêndios. Com capacitação técnica e equipamentos adequados, esses agentes da Prefeitura de São Pedro, inclusive, evitaram que algumas queimadas avançassem sobre áreas de vegetação e se transformassem em incêndios de grandes proporções e difícil controle.

Foi o caso do ocorrido no dia 16 de agosto, na região do Capim Fino, no meio da mata, em área declivosa e inacessível para veículos. Na ocasião, os agentes utilizaram uma bomba costal, com capacidade de 20 litros de água, e abafadores, equipamentos indispensáveis no combate às chamas.

Segundo o coordenador da Defesa Civil de São Pedro, Rosivaldo Amaro da Silva,o Dez, um dos principais diferenciais da Coordenadoria tem sido a parceria com a sociedade. “Muitas vezes conseguimos nos antecipar e chegar primeiro nos locais dessas ocorrências graças a uma intensa parceria e relacionamento com os cidadãos, que nos procuram assim que o fogo se manifesta e passa a gerar alguma situação de risco”, explica.

Atualmente, a Prefeitura de São Pedro, por meio da Secretaria de Obras, Meio Ambiente e Serviços Públicos, disponibiliza, para o combate às queimadas, dois caminhões-pipa, de 12 mil e 15 mil litros, 15 abafadores, bombas do tipo costal,  enxadões, facões, soprador e uma caminhonete adaptada, modelo L200 Triton, com sistema de tração 4×4, compartilhamento para 600 litros de água e mangueira de 30 metros com jato d´água de 15 metros. Além disso, dispõe de um canal de radiocomunicação que funciona em áreas onde o sinal das operadoras de telefonia não chega, como Floresta Escura e Vertentes.

“Em breve, iremos utilizar, ainda, um moderno drone, recentemente doado ao município, para nos auxiliar na identificação e combate do fogo em áreas de difícil acesso, por exemplo”, disse o coordenador.

Prevenção e controle em parceria com municípios vizinhos

O município de São Pedro é referência, também, pelo trabalho de excelência na prevenção e controle de queimadas desenvolvido pela equipe da Coordenadoria de Meio Ambiente da cidade.

Esse trabalho é alicerçado em três principais linhas de ação. A primeira tem a missão de comunicar e promover a educação ambiental à toda a sociedade. Para isso, estabelece parcerias com o Corpo de Bombeiros e com algumas secretarias, como a de Educação, indo até as escolas, organizando eventos, cursos, concursos, plantios de árvores e diversas outras atividades para engajar alunos do ensino infantil até o fundamental 2 em práticas, metodologias e dinâmicas que os auxiliem na compreensão da importância da preservação e da ação para a melhoria do Meio Ambiente.

Essas ações também passam pela instalação de placas, faixas e cartazes informativos em pontos estratégicos, sobretudo na região de serra, localidade considerada estratégica e onde o cuidado com o fogo deve ser redobrado. As informações de prevenção e cuidado, que fazem parte do programa “Serra Queimada, Vida Apagada”, desenvolvida  em parceria com os municípios de Torrinha e Santa Maria da Serra,  também são veiculadas por meio de uma intensa e periódica produção audiovisual, com vídeos e textos disseminados nas redes sociais e em grupos de mensagem, como o “Vizinhança Solidária”, parceria com o Conselho Comunitário de Segurança. Ações de panfletagem na entrada de bairros estratégicos, como o Portal da Serra, Floresta Escura, também são realizadas em parceria com o suporte da Guarda Civil Militar, Tiro de Guerra, Sinalização Viária e Defesa Civil.

“Uma das diretrizes do nosso Plano Municipal de Mata Atlântica e Cerrado” é reduzir os vetores de pressão. Um desses vetores é o fogo”, explica o coordenador de Meio Ambiente, Rogério Bosqueiro Júnior, referindo-se ao plano da Prefeitura de São Pedro, recentemente aprovado na Câmara Municipal e transformado em Lei Municipal.

Para isso, a Coordenadoria também realiza treinamentos periódicos com brigadistas e vai a campo com equipamentos e implementos rurais a fim de remover áreas de cobertura vegetal e disseminar aceiros, faixas sem vegetação que funcionam como um “corta-fogo”, isolando áreas com combustíveis e impedindo o avanço das chamas.

“Outra importante ação promovida é o treinamento dos agentes comunitários da saúde (ACS), uma parceria com a Secretaria da Saúde e do Desenvolvimento que tem viabilizado a distribuição de panfletos diretamente na casa das pessoas, além da instalação de cartazes em pontos considerados estratégicos por esses agentes”, acrescenta.

Além disso, a Coordenadoria de Meio Ambiente é o órgão responsável pelas multas por crime ambiental no município. Somente nos últimos três meses, foram cerca de 120 notificações e 22 autuações por crime ambiental.

Ciente de que muitas vezes a prevenção das queimadas também passa, necessariamente, por uma mudança de cultura na sociedade, a Coordenadoria lançou dois programas, que combatem esse problema na raíz: o “Papagalhos”, que estabelece uma alternativa para as pessoas que tem o hábito de queimar a vegetação cortada, e o “Ecoponto”, espaço adequado para o descarte correto de pequenas proporções de entulho, móveis e estofados velhos, além de óleo de cozinha, papelão, plásticos, vidros e metais, alguns desses entulhos rotineiramente queimados indevidamente por alguns munícipes em regiões com potencial de alastramento de fogo.

 

 

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