Cultura – O monsenhor-colecionador Jamil Nassif Abib

Monsenhor Jamil Nassif Abib, colecionador de cartões postais há mais de 40 anos. Crédito: Arquivo Pessoal

 

Depois de palestras no Museu do Ipiranga e no Centro Cultural Vergueiro em São Paulo, monsenhor-colecionador espera continuar como referência no Brasil

 

Adolpho Queiroz

Nascido em Chavantes, hoje Canitar, no Estado de São Paulo, o monsenhor Jamil Nassif Abib, acabou sendo uma das figuras de expressão na cultura local. Filho de Tanus Abib e Rosalina Nassif Abib, fez seus estudos iniciais na cidade natal e depois em Jacarezinho, Paraná, próxima dela. Posteriormente, aos 26 anos, ingressou na Igreja Católica como seminarista até atingir o cargo de monsenhor. Fez seus estudos Sorocaba, Aparecida, São Paulo e Curitiba. Como padre, dirigiu as paróquias do São Dimas em Piracicaba, depois foi transferido para Rio Claro, de onde voltou para assumir a Catedral de Santo Antônio em Piracicaba.

É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), integrou o Codepac e foi um dos responsáveis pela criação do Arquivo Histórico do Município de Rio Claro, do qual foi presidente do Conselho. Mas tem, no colecionismo, um dos seus afazeres prediletos.

“Tudo começou com dia marcado, foi em 6 de agosto de 1983, quando eu voltava de uma viagem pelo Nordeste, fiz escala no Rio de Janeiro e fui conhecer uma feira onde reuniam-se colecionadores de postais antigos, sob a supervisão de Yolanda Roberto”, explicou o monsenhor Jamil.

Naquele local, na Praça Marechal Ancora, na Cidade Maravilhosa, passou se interessar pelo colecionismo de postais, hábito que mantém até hoje. “Depois disso — explica —, encontrei-me com um amigo que também coleciona e, naquele dia, decidimos que iríamos começar uma coleção de postais.” O hábito já está indo para quase 40 anos, onde ele passou a guardar, colecionar e recolher temas postais de São Paulo, depois ampliado para todo o Brasil. Hoje possui 481 álbuns repletos de postais com temas diversos, mais 19 de assuntos relacionados ao Vaticano e outros 112 do que ele apelidou de “miscelânea”, onde há de tudo, um pouco.

São álbuns temáticos sobre temas de municípios paulistas, entre eles, Piracicaba. Ainda tem vários armários com postarias estrangeiros e “ainda há muita coisa para arrumar”, nos disse. Ele foi comprando postais nas viagens que fez pelo país, nas feiras similares, com outros comerciantes, com particulares, pequenas empresas do ramo e, mais recentemente, pela internet.

Embora não seja muito difundido em nosso país, monsenhor Jamil explica que “há pelo menos em três grandes países como França, Inglaterra e Estados Unidos, revistas especializadas que indicam mais de 50 mil colecionadores em cada um deles”.

Esse tipo de coleção é denominado de “cartofilia” e, além dessa, monsenhor Jamil possui muitos livros, selos e seus postais. Ele já expôs sua coleção certa vez aqui em Piracicaba, no Teatro Losso Netto, em Vitória no Espírito Santo, no Palácio do Governo, e faz parte de diversas associações de colecionadores no Brasil.

Sua coleção é composta por postais antigos e clássicos. E informa que “existem colecionadores pelo mundo que são simpatizantes de postais temáticos como navios, trens, aviões, times de futebol, entre outros”.

Na sua coleção pessoal, há temas como a cidade de Piracicaba, a monarquia brasileira e uma imensa coleção de postais de humor gráfico de autores franceses. Dentro da coleção da monarquia, possui um postal com a assinatura autêntica da Princesa Isabel, por ocasião da Lei Áurea.

Em Piracicaba, ele aponta fotógrafos do começo do século como a família Bischof, entre os pioneiros pelo desenvolvimento das coleções de postais sobre a cidade. E comentou também que “o desenvolvimento da fotografia foi responsável pelo início comercial da cartofilia, a partir de fotos de ruas, estatuas, prédios e festas populares”. “Os postais nasceram dentro dos Correios do Brasil, depois tiveram a sua independência e, mais recentemente, criou se uma verdadeira indústria de postais. A pressão pelo seu desenvolvimento deve-se bastante ao surgimento dos Correios no Brasil e a recorrente produção de imagens para tais fins”, finaliza.

Depois de realizar palestras no Museu do Ipiranga e no Centro Cultural Vergueiro em São Paulo, ele espera continuar como referência na cidade e no país pelo desenvolvimento deste assunto.

 

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Adolpho Queiroz, professor, escritor, jornalista, doutor em Comunicação

 

 

 

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