#FALAPAULOSOARES – Câncer de Colo do Útero: urgência no tratamento

 

 

O câncer de colo do útero (CCU) é uma ameaça significativa à saúde das mulheres em Piracicaba, com taxas de incidência e mortalidade superiores à média nacional. Conforme o relatório GLOBOCAN (2020), a taxa de incidência de CCU na cidade é de 15,1 casos por 100.000 mulheres, enquanto a média nacional é de 13,2. Já a taxa de mortalidade é de 5,1 mortes por 100.000 mulheres, em comparação com 4,8 no restante do país. Esses números alarmantes demandam uma resposta urgente e eficaz para proteger a saúde das mulheres piracicabanas.

O câncer de colo do útero, apesar de sua gravidade, é uma doença que pode ser amplamente prevenida e tratada, especialmente quando diagnosticada precocemente. O exame citopatológico, conhecido como papanicolau, é essencial para a detecção precoce de alterações celulares no colo do útero que podem evoluir para câncer. Contudo, a cobertura desse exame entre as mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Piracicaba é preocupantemente baixa, atingindo apenas 29%, de acordo com dados do SISAB-MS. Esse dado indica uma falha na prevenção e na promoção da saúde pública, o que potencialmente coloca em risco a vida de muitas mulheres.

Além da baixa cobertura do papanicolau, a falta de acesso a tratamentos adequados também é um problema crítico. Em 2023, apenas 4 procedimentos de excisão tipo 1 do colo do útero e 1 excisão tipo 2 foram realizados em Piracicaba, sem registro de excisões tipo 3, segundo dados do TabNet-DATASUS. A falta de procedimentos cirúrgicos disponíveis demonstra uma insuficiência na capacidade do sistema de saúde local de atender às necessidades das mulheres diagnosticadas com CCU.

Para combater o CCU, é essencial entender seus fatores de risco, sintomas e as medidas preventivas disponíveis. O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de colo do útero é a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), que pode ser prevenida com a vacinação. A vacina contra o HPV é altamente eficaz e está disponível gratuitamente no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de grupos específicos como imunossuprimidos. Além disso, o uso de preservativos durante as relações sexuais pode reduzir significativamente o risco de transmissão do HPV.

Os sintomas do CCU em estágios mais avançados podem incluir sangramento vaginal anormal, dor pélvica, dor durante as relações sexuais e corrimento vaginal incomum. No entanto, a doença é muitas vezes assintomática nos estágios iniciais, o que torna a realização regular do papanicolau ainda mais crucial.

Em termos de tratamento, o CCU pode ser abordado de várias maneiras, dependendo do estágio da doença. As opções incluem cirurgia para remover as áreas afetadas (como as excisões tipo 1, 2 e 3 mencionadas), radioterapia e quimioterapia. A detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura e permite tratamentos menos invasivos.

Diante desse cenário, é imperativo que as autoridades de saúde de Piracicaba intensifiquem as campanhas de vacinação contra o HPV e de conscientização sobre a importância do exame papanicolau. Além disso, é necessário garantir que as mulheres tenham acesso fácil e rápido aos serviços de saúde para a realização de exames preventivos e tratamentos adequados.

A luta contra o câncer de colo do útero é uma questão de saúde pública que requer o empenho de toda a sociedade. Ao priorizar a prevenção e o tratamento, podemos salvar vidas e garantir que as mulheres de Piracicaba tenham uma vida mais saudável e plena. A prevenção é possível, o tratamento é eficaz e o compromisso de todos é fundamental.

 

Paulo Soares, diretor-presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV, Aids, Sífilis e Hepatites Virais).

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