O Brasil na frente, e na contramão da diversidade no trabalho

Gregório José

Ah, Brasil! Terra de samba, futebol e agora, aparentemente, terra de ambientes de trabalho inclusivos. Três em cada dez profissionais brasileiros consideram seu ambiente de trabalho um exemplo de inclusão. Essa estatística, retirada do estudo global Talent Trends da Michael Page, nos coloca à frente da média global (26%) e da América Latina (28%). Já dizia o Analista de Bagé: “Se tem uma coisa que brasileiro gosta é de se sentir em casa, até no escritório.”

O estudo não para por aí. Quarenta e dois por cento dos brasileiros dizem que podem ser autênticos no trabalho, o que nos coloca à frente dos indicadores globais (35%) e da América Latina (40%). Ou seja, o brasileiro sente que pode ser ele mesmo no trabalho – mas será que isso é realmente uma vantagem? Afinal, já imaginou seu colega de baia, aquele que adora discutir futebol, sentindo-se totalmente à vontade para ser ele mesmo? Talvez, só talvez, a autenticidade tenha seus limites…

Agora, vamos falar de etarismo, porque ninguém escapa de ficar velho, nem mesmo no trabalho. Quarenta e seis por cento dos profissionais brasileiros relatam discriminação por idade, o mesmo índice da América Latina e um pouco acima do global (44%). Ora, ora, parece que a inclusão tem suas exceções. Afinal, como diria o Analista de Bagé, “no Brasil, o guri vira velho mais cedo, mas ninguém quer admitir.”

O estudo também revelou que 7% dos brasileiros já foram discriminados ou marginalizados em seu cargo atual, abaixo das médias global (9%) e da América Latina (10%). No quesito denúncia de discriminação, os campeões são os mexicanos (28%), seguidos pelos chilenos (23%), brasileiros (20%) e peruanos (12%). Talvez os mexicanos e chilenos sejam apenas mais dedo-duros, ou talvez, como diria um humorista, “o brasileiro prefere resolver as coisas com um jeitinho.”

O Brasil está adiantado em algumas áreas e atrasado em outras. A inclusão é celebrada, mas a discriminação por idade é um problema crescente. A autenticidade no trabalho é incentivada, mas até onde isso é vantajoso? Podemos dizer então que o ambiente de trabalho brasileiro é um verdadeiro samba de maluco, onde inclusão e exclusão dançam uma contraditória e autêntica polca.

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Gregório José, jornalista, radialista e filósofo

 

 

 

 

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