As pandemias são castigos divinos?

Alvaro Vargas

 

No período entre 2020 e 2022, ocorreu a pandemia do “COVID 19”, ocasionando a letalidade de 14,9 milhões de pessoas no mundo. Devido ao estresse provocado por este flagelo, muitos indivíduos ligados a religiões cristãs, interpretam que foi um castigo divino, uma punição relacionada com as iniquidades humanas. Entretanto, esse não foi a único evento desta magnitude na Terra, e nem o mais letal, pois, já existiram outras pandemias como Peste Negra que ocasionou a letalidade entre 75 e 200 milhões de habitantes na Eurásia (1343-1353), e a Gripe Espanhola, que infectou 500 milhões de pessoas e provocou a mortalidade entre 50 e 100 milhões de pessoas no mundo (1916-1919).

A crença no castigo divino é um reflexo das raízes judaicas do cristianismo, assumindo um deus colérico e punitivo, capaz de ordenar o massacre de inocentes (Josué, 5:13-24). Embora os judeus não tenham reconhecido Jesus de Nazaré como o Messias, os cristãos deveriam estar cientes que “Deus é amor” (1 João, 4:8). Contudo, o fanatismo e o dogmatismo religioso da maioria das seitas derivadas do cristianismo, induz um fanatismo improdutivo de seus seguidores, inibindo o desenvolvimento de uma fé raciocinada. Segundo Leon Denis (O problema do ser, do destino e da dor, cap. 1), “o Verdadeiro Cristianismo foi uma lei de amor e liberdade; as igrejas fizeram dele uma lei de temor e escravidão”. Portanto, apenas a ignorância espiritual, pode atribuir a Deus, a origem das pandemias.

Somos responsáveis pelas nossas ações, tanto individuais como coletivas, herdando os seus resultados, sejam eles edificantes ou negativos. Conforme o Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. Entre o Céu e a Terra, cap. 21), “a percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo. Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão”. Na opinião do Espírito Manoel P. Miranda (FRANCO, D. P. No rumo do mundo e regeneração, cap. 10), “o amor, sem dúvida, é o melhor instrumento para facilitar a autodescoberta, o encontro com o Si mesmo. Quando recusado, existe a opção da Dor, por eleição do próprio indivíduo, sendo que é o sofrimento purificador, despertando-o para a realidade”. O Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. No Mundo Maior, cap.3), cita que milhões de espíritos permanecem na carne sofrendo por causa dos vermes mentais, criados pela tristeza, inconformação, ódio e maldade. Esta matéria mental emitida pelo homem inferior tem vida própria, formando nuvens de bactérias produzidas pelas mentes enfermas. Isto esclarece que a origem das enfermidades, que chegam a atingir um caráter pandêmico, está relacionada com as vibrações mentais inferiores de nossa sociedade belicosa e egoísta, criando larvas mentais ou mesmo mutações nos agentes patológicos que causam as doenças.

Felizmente, graças a misericórdia divina, Deus intervém a nosso favor. “Não fosse o poder muito maior da luz solar, casada ao magnetismo terrestre, poder esse que destrói intensivamente para selecionar as manifestações da vida, na esfera da Crosta, a flora microbiana de ordem inferior não teria permitido a existência dum só homem na superfície do globo” (XAVIER, F. C. Os Mensageiros, cap. 40. Pelo Espírito André Luiz). Mesmo contando com a proteção divina para atenuar as moléstias causada pelos agentes infecciosos, é fundamental manter o equilíbrio mental, superando os vícios e realizando a reforma moral íntima, procurando vivenciar os ensinamentos de Jesus. Embora não possamos compreender todos os desígnios divinos, tenhamos a certeza de que invariavelmente são sempre justos. Nada acontece por acaso, e todos aqueles sendo vitimados pela pandemia cumpriram a sua missão na Terra, conforme o programa reencarnatório que havia sido estabelecido, regressando em paz para o mundo espiritual.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, PhD, presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

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