Se a história do Hospital Beneficente São Lucas fosse uma ficção, estaria vivendo seu clímax, ou momento mais importante, neste sábado, quando a unidade 2 será inaugurada, às 10h. Mas de ficção, a trajetória do hospital não tem nada. Marcada por momentos de glória e tragédia, a história do hospital começa em 1904 e sempre foi uma importante referência na saúde dos são-pedrenses ou de quem escolheu a cidade para viver.
Quase 100 anos depois, em 2005, a Santa Casa sofreu uma intervenção e passou a ser administrada pelo município, o que já era um indício da crise que abateu a instituição. Em 2010, em um dos momentos mais críticos, a entidade perdeu a filantropia e ficou praticamente sem realizar procedimentos. Até os partos precisavam ser realizados em outras cidades.
Em 2013 teve início um grande processo de recuperação da unidade. Com investimentos na estrutura física e na administração, a entidade conseguiu o que quase ninguém acreditava: recuperou a filantropia, em setembro, e começou a retomada dos serviços ofertados.
Em 2015, um novo revés: por conta de uma dívida antiga, o hospital foi a leilão. Felizmente, o final foi feliz: a Prefeitura de São Pedro conseguiu fazer um acordo e adquiriu o prédio e o terreno do hospital.
Para melhorar ainda mais a estrutura do hospital, não faltaram empenho e dedicação. Com recursos do município, estaduais, federais e de emendas parlamentares, o hospital fez reformas, adquiriu equipamentos de ponta e a cada dia ampliava a oferta de serviços.
As melhorias garantiram maior repasse de recursos. Em 2017, aconteceu um aumento no teto MAC, valor repassado para custeio de ações e serviços de saúde para ações de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar. Também em 2017 o hospital conquistou a adesão definitiva ao PROSUS, que garantiu, na prática, o “congelamento” de uma dívida de aproximadamente R$ 20 milhões por 15 anos.
Em 2018 aconteceu a inauguração de uma ampla reforma, com início de prestação de vários serviços e exames. Entre as mudanças realizadas no hospital estão reformas do ambulatório, recepção, farmácia, lavanderia, maternidade, centro cirúrgico, que passou a contar com três salas; reforma nos leitos e a construção do Centro de Imagens, com oferta de exames como ultrassom com dopler, mamografia, raio-X digital, endoscopia e colonoscopia.
No ano seguinte, mais um exame começa a ser oferecido: tomografia, graças a um equipamento de última geração instalado no hospital. Em 2020, com a pandemia, começaram a funcionar 10 leitos de UTI, medida que fez toda a diferença nos picos de internação causados pela epidemia do Covid.
NOVO CAPÍTULO – Em novembro de 2022, após várias negociações, foi anunciada a aquisição de um imóvel pelo hospital: um prédio de aproximadamente 1.000 metros quadrados que pertencia à família Chalita. Logo em seguida começaram as obras de reforma do local, no bairro São Benedito.
Em janeiro de 2024, outro fato histórico aconteceu no hospital: a captação de órgãos para transplante, algo inédito em São Pedro. E neste sábado, quando a unidade 2 for oficialmente inaugurada, mais uma etapa importante terá início.
Com 12 leitos, 3 salas cirúrgicas, 10 consultórios, 3 recepções, sala de raio-X, ar condicionado central, gerador, rede de gases, farmácia e outros departamentos, a nova unidade vai funcionar como hospital dia, das 7h às 19h e desafogar o atendimento do Hospital São Lucas, que já não consegue dar conta de toda a demanda.
No local serão realizadas cirurgias de pequeno porte, que não exigem internação de mais de um dia, como as vasculares ou oftalmológicas, além de outras.
Administradora do Hospital São Lucas, Miriam Souza classifica a nova unidade de saúde como conquista. “A decisão de adquirir e reformar um novo imóvel para o hospital foi baseada em algumas deficiências que o São Lucas tem atualmente. São 72 leitos, 10 deles de UTI, mas para algumas ações como mutirão e agenda cirúrgica completa, o espaço se tornou insuficiente”, relata.
Para o prefeito Thiago Silva essa é uma das maiores conquistas da área da saúde que chega para dar ainda mais suporte e qualidade no atendimento à população.
Hoje com atendimento que virou referência regional, o hospital celebra mais este avanço. “Não foi um caminho fácil, mas mostramos que é possível fazer, com bastante dedicação, esforço e planejamento”, afirma Miriam.