Alvaro Vargas
Pouco antes de seu martírio, Jesus proferiu um sermão profético no Monte das Oliveiras (Mateus 24:1–31; Marcos 13:1–27 e Lucas 21:5–36), onde comentou vários acontecimentos que iriam afetar a Humanidade. Alguns já ocorreram, mas a previsão de uma grande tribulação que ainda deverá acontecer é preocupante. A doutrina espírita esclarece que este evento não se refere ao extermínio da população humana, mas o final de mais um ciclo evolutivo, conforme já ocorreu com outras civilizações que nos precederam. Além disso, a morte física é apenas um retorno ao mundo espiritual, permitindo ao Espírito uma preparação para as novas reencarnações na Terra. Durante uma entrevista, o Espírito Emmanuel, através do médium Chico Xavier (Revista Boa Vontade, Ano 1, nº 4, outubro de 1956), citou que cada civilização obedece a um período evolutivo de 28.000 anos. Às duas últimas, lemuriana e atlântica, serviram de base para a atual, a civilização ariana. No momento, encontramo-nos no último estágio do nosso período evolutivo e, assim como Lemúria e Atlântida que desapareceram, permitindo o florescimento de uma sociedade mais evoluída, a próxima será mais fraterna, porque esta é uma determinação de Jesus: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mateus, 5:5). Esta transformação faz parte da lei de destruição, pois, é necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar; é importante que possamos compreender que o significado de destruição neste caso, é a transformação com objetivo de renovação e melhoramento dos seres vivos (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, cap.6).
Com relação à data do “juízo final” ou a “abominação que causa a desolação”, citada pelo Mestre Galileu, o médium Chico Xavier anunciou em um programa televisivo de grande audiência na TV Tupi de São Paulo (Programa Pinga-fogo, 1971), que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2057, significando que nesta data, já teremos atravessado o período mais difícil para a Humanidade. Contudo, quando questionado acerca de quando ocorreria o “juízo final”, Jesus respondeu que “este dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai”. (Mateus, 24:36). É conveniente salientar que muitas profecias servem para alertar sobre eventos que podem ou não acontecer, dependendo de nossa conduta. Foi o caso do profeta Jonas, que conseguiu evitar a destruição de Nínive, ao convencer os assírios a se penitenciarem de suas iniquidades (Jonas, 1:2; 3:2; 4:11).
Embora possa ser considerado, por alguns, que o prognóstico do sermão profético é injusto e doloroso, devemos analisar o comentário do Espírito Emmanuel, sobre “os conflitos cruéis, as perseguições, os séculos de escravidão do homem, na exploração e no rebaixamento do próprio homem, a conquista sanguinolenta de povos laboriosos e pacíficos, a rapinagem sobre comunidades indefesas, a pirataria impune ao longo dos mares, as fogueiras do ódio, em nome da fé, eliminando vidas preciosas, o banditismo afidalgado e os múltiplos delitos que injuriaram a dignidade humana nos dez últimos séculos, e perguntemos a nós mesmos como deveriam ser os frutos de nossa própria sementeira”. (XAVIER, F. C. Nascer e Renascer. Introdução). Felizmente, após ter retornado ao mundo espiritual e recebido as almas dos mártires cristãos, na época do imperador Nero, Jesus apresentou uma visão otimista acerca da Humanidade futura (XAVIER, F. C. Há 2000 anos, cap. 6. Pelo espírito Emmanuel). Ele esclareceu que “quando as instituições terrestres reajustarem a sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos espíritos e dentro das convulsões renovadas da vida planetária, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual” .
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, PhD, presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita