Lá, lá, lá… aí, aí, aí

Douglas S. Nogueira

Realmente não respeitamos e em alguns casos mal sabemos pronunciar nosso idioma. Chega a ser ridículo a quantidade desvairada dos advérbios de lugar lá e aí, pronunciados em curto período.

Certa vez já com ouvido aguçado nessa questão, acompanhando minha esposa ao médico, aguardávamos a chamada na sala de recepção e espera, quando uma moça com  idade intermediária entre seus trinta e trinta e seis anos acredito eu, conversava com a senhora ao seu lado. A chuva de lás e aís iniciaram-se, foram tantos e tantos, que meu sistema auditivo ficou estremecido.

Não dá pra entender, o por quê das pessoas pronunciarem tanto esses advérbios em curtos períodos de frases.  Na verdade, talvez nós temos o maldito e mecânico costume de trabalhar, estudar, nos exercitar fisicamente, cuidar de afazeres domésticos porém, nos esquecemos infelizmente de dar créditos e alimentar aquilo que fará a diferença no momento das pronúncias que faremos, sejam elas em família, roda de amigos ou perante cem, duzentas ou quinhentas pessoas, falo da leitura, daquele hábito saudável e indispensável que nos fará falar bem, não utilizando horrivelmente de forma repetida tais advérbios ou qualquer outra “palavrinha” da língua portuguesa.

É bom ressaltar que não são apenas pessoas teoricamente de baixa renda financeira, as quais tiveram poucas oportunidades de estudos, que utilizam tais advérbios constantemente em frases, esse fato que muita das vezes passa despercebido é algo frequente nas pronúncias dos artistas que reinam as novelas admiradas por nós, dos inúmeros políticos que em diversos casos mal conhecem a gramática da língua portuguesa, dos jogadores de futebol onde o interessante é a fama e/ou dinheiro, gerentes, supervisores e grandes homens de indústrias, comércio enfim, o lá e o aí reinam soberanos.

É fato! Não sabemos realizar pronúncias, falamos de qualquer maneira, repetindo toda e qualquer palavra, verbo ou advérbio sem a mínima percepção, achando ainda que estamos arrasando e agora nos dias atuais, recebemos da tecnologia presentes e mais presentes de grego, falo dos aplicativos para celulares, whatsapp por exemplo, que ao invés de ajudarem a corrigir tais erros e hábitos, vieram simplesmente para acabar de detonar a maravilhosa língua portuguesa, impulsionando ainda mais a ignorância dos brasileiros, lembrando ignorância essa sem classe, do pobre e rico, anônimo e famoso. Esses aplicativos incentivam de forma categórica o lá, lá, lá e aí, aí, aí além de serem especialistas em ensinar a nova forma ridícula de se escrever, frases picadas, isentas de harmonia e concordância. Lamentável!

Infelizmente nossa base para a manutenção de tudo isso, está “falida”, refiro-me a escola. Hoje serve apenas para “inglês ver”, dessa forma certamente irá se ouvir e assistir ao longo de muitos anos, pessoas e mais pessoas pronunciando em suas curtas ou apresentativas conversas, os xaropes e insistentes lá e aí.

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Douglas S. Nogueira, e-mail: [email protected];

Blog: www.douglassnogueira.blogspot.com

 

 

 

 

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