Alvaro Vargas
Gêmeos siameses são irmãos com partes do corpo em comum, e que geralmente também compartilham órgãos. Em maior frequência, encontram-se unidos pelo tórax, e nesse caso são chamados de xifópagos. A causa espiritual para esse resultado teratológico está no ódio existente entre as duas almas que habitam o mesmo corpo. Dois indivíduos que na Terra eram inimigos, caso não consigam abrandar a sua agressividade no mundo espiritual, podem ser conduzidos a reencontros em reencarnações dolorosas, como a xifopagia. Colhemos o que plantamos, e essas almas, ao desenvolveram uma ligação doentia, teve como resultado uma reencarnação em um mesmo corpo, de modo que pela necessidade física, aprendam a suportar a presença um do outro. Por isso, Jesus sugeriu: “concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele”. (Mateus, 5:25).
Contudo, a caridade Divina está sempre atenta as nossas dificuldades e ninguém sofre mais do que o necessário, após despertar para a reconciliação. Foi o que ocorreu com as duas meninas xifópagas em San José de Ocoa, na República Dominicana (O Espírita – Ano 9 – Nº 58, junho/julho 1988 – Brasília-DF). Unidas pelo fígado, apresentavam ainda deficiência cardíaca, e segundo os médicos locais, teriam pouco tempo de vida. A mãe, que não perdera a esperança, um dia recebeu uma carta de um cirurgião americano. O Dr. Everett Koop, que durante muitos dias vinha repetindo o mesmo sonho, no qual ele realizava delicada intervenção cirúrgica de separação de duas meninas xifópagas. Sentia que alguém lhe mostrava a mesma cena, com ele e os seus assistentes, realizando essa delicada operação. Felizmente, em uma das vezes, sonhou com o local onde viviam as gêmeas. Entrou em contato com a embaixada do país e, após os devidos tramites legais, organizou a vinda delas para a Filadélfia, EUA. As meninas foram operadas com absoluto êxito. Durante a operação o médico deu mostras de faculdades extraordinárias. Os assistentes comentaram que ele havia atuado de forma impressionante, com uma segurança espantosa. Sua habilidade foi a de sempre. Suas mãos se moviam a grande velocidade. Suas ordens eram precisas. Unicamente, em certos momentos fechava os olhos como a recordar-se de algum detalhe. Em seguida prosseguia. A intervenção durou várias horas. No momento crucial, foi feita a separação do fígado. E por fim as irmãs, separadas, foram levadas à sala de recuperação do Hospital Infantil de Filadélfia. O cirurgião não se separou um momento das pequeninas pacientes. Mas tudo estava bem. As radiografias revelaram o enorme fígado convertido em dois, trabalhando às duas partes perfeitamente, em cada um dos organismos das meninas.
Nitidamente, ocorreu uma intervenção divina, que nesse caso planejou atenuar o processo expiatório das duas irmãs xifópagas, intuindo o médico-cirurgião para que ele as localizasse. Esse contato se processou durante o sono noturno, pois, quando dormimos, a nossa alma se liberta parcialmente do corpo físico, podendo entrar em contato direto com os Espíritos. Normalmente, exceto alguns médiuns que possuem esta capacidade, somos impedidos de recordar dos fatos ocorridos nesses desdobramentos espirituais (viagem astral). O objetivo é o de evitar uma sobrecarga de informações, que fatalmente nos desviaria da atenção requerida para o sucesso de uma experiência reencarnatória. Entretanto, em situações excepcionais, isso é permitido pelos mentores espirituais, conforme foi o caso descrito pelo Dr. Koop, que se lembrava dos seus sonhos. Ele foi orientado para encontrar as gêmeas xifópagas e proceder com a cirurgia. Durante todo o processo contou com a assessoria dos médicos espirituais que garantiram o êxito dessa empreitada. Esse é mais um exemplo de que o ódio é transitório e apenas o amor, além de ser capaz de o suprimir, é eterno.
______
Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita