Não sequestrarão a nossa camisa

Antonio Roberto de Godoi

 

Em evento político no último sábado no Clube Atlético Piracicabano, o pastor-político ( que, se acredita, jamais ter feito voto de pobreza, conforme os autênticos seguidores de Jesus Cristo),  vestia camisa amarela da Seleção Brasileira de futebol. Era lançamento de sua pré-candidatura à Prefeitura de Piracicaba. O ex-presidente homenageado por um título que revoltou grande parte dos piracicabanos vestia a camisa do glorioso Esporte Clube XV de Novembro.

O uso político de tais simbolismos esportivos agora sequestrados pela baixa política parece ter virado praxe e banalizado o que para os torcedores e amantes do futebol tem grande valor. Nem nossa bandeira escapa. É comum ver a bandeira brasileira com o distintivo de clubes no centro delas nos estádios de futebol.

No caso da camisa amarela, o sequestro foi tão absurdo que muita gente tem vergonha de usá-la publicamente por receio de ser confundida com algum fanático seguidor de mitos fabricados.

E quanto à camisa do XV, vesti-la a desonra quando vindo de um político investigado criminalmente por tentativa de golpe de estado em nossa Pátria (crime gravíssimo), que trabalhou contra a vacinação dos brasileiros zombando de mortos e doentes, e cuja conta de 700 mil mortes estão em seu colo; que está envolvido num escândalo de 16 milhões em joias (que ora dizia ser de Michele Bolsonaro , ora que era presente); que, no que pôde, desrespeitou minorias, quilombolas, a honrada mulher brasileira, etc. etc.

Enfim, vestir a camisa quinzista e ainda ser homenageado com todo esse curriculum é o fim do mundo.  E, se fez isso em evento político, consuma-se marketing político com uso do grande símbolo do alvinegro piracicabano: a sua camisa. Se não, por que então o “cidadão” não sai Brasil afora desfilando com a camisa do XV?

Que fique bem claro aos diretores do XV que o clube não lhes pertence, e, por isso mesmo, não têm o direito de usar a agremiação em evento político de apoio a este ou aquele candidato. Pode-se pensar que há diretores que apoiam o ex-presidente e que estavam presentes quando da “doação” da camisa alvinegra para que fosse usada naquele momento? Por acaso o XV virou braço auxiliar de apoio político-ideológico? Parem e pensem. O verdadeiro quinzista está de olhos bem abertos.

Aproveito para reproduzir carta do nosso leitor, Sr.Antonio Sahl, que nos dá clara indicação do que quinzistas pensam:

“Escrevo esta carta, antes de mais nada, como torcedor do XV repudiando o uso político e demagógico do nosso glorioso Nhô-Quim. É sempre assim, época de eleição políticos que nunca fizeram coisa alguma pelo alvinegro aparecem de cara lavada e vestem a camisa quinzista. Àqueles que dizem que haviam sete mil pessoas no Atlético no lançamento da candidatura do ex-pastor à Prefeitura e o uso do XV como cabo eleitoral eu digo “truco”.  O salão de baile atleticano não comporta mais que 1.500 pessoas.

Ou alguém acredita que havia quase metade do Estádio Barão da Serra Negra naquele pequeno salão? Há quem acredite, fazer o quê? E mais, a Câmara Municipal não representa toda a cidade para outorgar o título de cidadão Piracicabano à um ex-presidente tão tosco e de um nível tão baixo. O fanatismo é irmão mais velho da mentira”.  Falou e disse, Sr. Antonio.

NOTA — Aproveito para solidarizar-me com a combativa e honesta vereadora Rai de Almeida do Partido dos Trabalhadores. Atos covardes terão o que merecem no momento oportuno. Que não se iludam que ficarão impunes. Lugar de nazista é na cadeia. Uma hora a casa cai, como já está caindo para muitos. E a parafrasear o nosso leitor, podemos dizer: a burrice é irmã mais velha da covardia.

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Antonio Roberto de Godoi, pesquisador

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