Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho
A vancomicina é um antibiótico pertencente ao grupo dos glicopeptídeos. Sua importância consiste em ser a principal alternativa para o tratamento de infecções graves, principalmente meningite causada por pneumococo com grande resistência à penicilina.
A dispensação da vancomicina está prevista na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), o que garante sua disponibilidade nos hospitais públicos.
Apresenta-se na forma de cloridrato, em ampolas com pó para diluição e uso intravenoso (IV) na dosagem de 500mg e 1g. É comumente comercializada na apresentação genérica (Vancomicina ®) e na especialidade farmacêutica de referência Vancocina ® (Antibióticos do Brasil).
Os glicopeptídeos, em geral, atuam com efeito bactericida nos cocos e bacilos gram-positivos. Seu mecanismo de ação consiste em inibir a síntese da parede celular durante sua multiplicação, resultando em lise osmótica. Para exercer seu poder inibitório, a vancomicina age como antagonista competitivo da polimerização da cadeia peptideoglicana, responsável pela constituição da parede celular microbiana.
A principal indicação da vancomicina são as infecções estafilocócicas graves em pacientes com hipersensibilidade às penicilinas e às cefalosporinas e/ou infecções por estafilococos resistentes à meticilina e à oxacilina. Esse fármaco exerce ação sobre sobre cocos e bacilos gram-positivos, cocos anaeróbios (Peptococcus, Peptostreptococcus), e algumas cepas de gonococos, e clostrídios.
É muito utilizada em quadros de pneumonias, osteomielites, sepses, celulites, abscessos, meningoencefalites e endocardites estafilocócicas. Pode ser utilizada no tratamento de infecção intestinal por C. difficile, mas o metronidazol ainda é a primeira opção.
Efeitos adversos
Um importante efeito adverso da vancomicina é sua irritação local caso seja injetada por via intramuscular, o que torna imperativo a administração por via intravenosa. Entretanto, essa via não a torna isenta de efeitos adversos, podendo cursar com dor e flebite, e por esse motivo deve ser aplicada diluída em grandes volumes de soluções e aplicada em gotejamento lento.
Se essa aplicação for feita de forma rápida, pode apresentar febre, calafrios e sensação de formigamento. Outro efeito colateral frequente nessa condição é a “síndrome do homem (ou do pescoço) vermelho”, que é caracterizada por prurido, eritema, congestão e angioedema do pescoço e tórax, podendo evoluir para choque.
Os efeitos adversos mais significativos são a ototoxicidade, que pode evoluir para surdez irreversível, e nefrotoxicidade que, apesar de rara, pode levar à insuficiência renal. Nesse último caso, ocorre acúmulo da vancomicina, que pode causar toxicidade.
A vancomicina interage com algumas medicações, dentre elas:
Aminoglicosídeos – a associação com esse fármaco intensifica a ação nefrotóxica e neurotóxica de ambas as drogas.
Hidrocortisona – se a vancomicina for administrada junto a hidrocortisona ocorre precipitação do antibiótico
Colestiramina – a associação com essa medicação reduz sua ação antimicrobiana
Cloranfenicol, meticilina e heparina – essa associação é incompatível.
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Mas para que saber todas essas informações… tudo isso para que possa conhecer o (superantibiótico capaz de combater bactérias resistentes)
Cientistas americanos reformularam a Vancomicina em uma tentativa de acabar com uma das superbactérias mais ameaçadoras do mundo.
De acordo com o estudo do Instituto de Pesquisas Scripps, a nova versão da vancomicina foi desenvolvida para ser ultrarresistente e parece ser mil vezes mais potente do que a anterior.
A pesquisa, publicada na revista científica PNAS, sugere que a nova droga combate as bactérias de três formas diferentes, reduzindo as chances de defesa.
Especialistas já vêm alertando que estamos nos aproximando da “era pós-antibióticos”, na qual algumas infecções podem se tornar intratáveis.
Um dessas infecções difíceis de combater e que preocupa médicos é a causada pelo enterococcus resistente à vancomicina (ERV). Ela é encontrada em hospitais, pode provocar feridas perigosas e infecções na corrente sanguínea e é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma das bactérias resistentes a medicamentos que mais ameaça a saúde humana.
Alguns antibióticos ainda funcionam contra o ERV, mas a vancomicina, criada há 60 anos, já é impotente para o tratamento. Por isso, os cientistas do Instituto Scripps estão tentando renovar o antibiótico para tentar restaurar a sua capacidade de matar a bactéria.
Eles fizeram algumas mudanças estratégicas na estrutura molecular da droga antiga para torná-la mais eficaz em atacar a bactéria onde é necessário: na destruição de paredes celulares.
Várias mudanças foram feitas na molécula da droga que supera a atual resistência à vancomicina. Depois disso, adicionamos à molécula duas mudanças que, incorporadas a ela, criam duas novas formas de matar a bactéria. Então o antibiótico apresentou três mecanismos diferentes de matar a bactérias.
A resistência a esse antibiótico pode ser muito difícil de aparecer. Então essa nova molécula é desenvolvida especificamente para lidar com o surgimento dessa resistência em praticamente todas as bactérias.
Só para finalizar e aprendendo e desenvolvendo a Ciência que vamos sobrevivendo, pois a Ciência é o nosso destino ( Carl Sagan)… Bom dia.
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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico