As árvores

Elda Nympha Cobra Silveira

 

 

Se pudéssemos ouvir as árvores o que será que elas falariam? No raiar da aurora as luzes do sol filtrando-se nos galhos, em variados tons de verde, marrom e outras nuances de prata e dourado, insistiam em se tornar presentes, e  iam vestindo os troncos  das árvores como se fossem bordados com miçangas e lantejoulas, matizando seus galhos desnudos para a chegada dos animaizinhos, que vinham se  aconchegar  no alto da sua copa, depois de uma noite de sono.

Com seu canto os pássaros recepcionavam a aurora que chegava de mansinho. Animais da mata roçavam seus corpos nos troncos das árvores fazendo carinho e recebendo toda energia contida na natureza.

As árvores ficavam estáticas, mas exalavam o perfume de suas flores e os frutos, adocicados e suculentos, e alimentavam a todos os animais.

Quando o sol, passeando pela mata, ficou a pino todos procuravam as sombras benfazejas do arvoredo. Se chovesse ou ventasse a copa servia de guarida contra as intempéries. Se apareciam predadores, de imediato, escalavam o tronco  e se escondiam na ramaria, olhando de soslaio o inimigo iminente. E o dia sempre presente foi passando até chegar a hora noturna para todos que nidificaram e saíram buscando alimentos para seus filhotes, e que voltavam, à procura de seus ninhos, e também todos que vinham para descansar no regaço dos braços das árvores amigas.

A temperatura foi declinando e despertando em todos a necessidade de um abrigo. Nos galhos os passarinhos se encolhiam escondendo suas cabecinhas nas asas e os casais aos pares dormiam agarradinhos. A araponga com seu canto estridente emudeceu. A coruja vigiava tudo com seus olhos arregalados e tudo foi silenciando aos poucos, parecendo um lugar desabitado. O orvalho foi caindo e umedecendo as folhas e cada vez mais todo o ambiente esfriava. Ele também queria fazer parte daquela reunião e foi se estendendo por toda a mata aspergindo gota a gota ao salpicar sua garoa.

A lua foi penetrando nas árvores junto com a aragem murmurante, parecendo que embalava em uníssono a ramaria, clareando meigamente nesse lusco-fusco essa dormida. Naquele lugar só existia a paz! A paz que a natureza sabe ter e os homens não sabem. Somos permeados com a natureza, porque fazemos parte dela, mas nossos atos deixam muito a desejar, quando o ego impera!

Termino assimilando o exemplo que as árvores querem nos dizer: fazer o bem, sem olhar a quem, e sentir essa paz.

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Elda Nympha Cobra Silveira, escritora e artista plástica, membro da APL, Golp, Clip; e-mail: [email protected]

 

 

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