lvaro Vargas
Deus é um Pai bondoso e misericordioso. Nos concedeu o livre arbítrio, mas estabeleceu limites, tanto ao nível individual como coletivo. Um dos exemplos da ação divina impondo este limite ocorreu com a destruição da Babilônia, durante o reinado de Baltasar (Belsazar). Ele era neto de Nabucodonosor II (605-562 a.C.), que ficou conhecido por destruir o Reino de Judá e sua capital, Jerusalém, conduzindo os judeus para o cativeiro na Babilônia. Durante um banquete para mil convidados, Baltazar recebeu uma mensagem do mundo espiritual, escrita diretamente na parede. Diziam três palavras: “Mane, Thecel e Phares”, que foram interpretadas pelo profeta Daniel, que se encontrava cativo no palácio. De acordo com o profeta (Daniel, 5:25-28): Deus contou o teu reino, e o acabou (Mane); pesado foste na balança e foste achado em falta (Thecel) e dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas (Phares). Naquela mesma noite, o reino dos caldeus terminou com a morte de Baltasar, pois, a Babilônia foi conquistada por Ciro, rei persa, com o apoio dos medos.
Conforme o Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Emmanuel, cap. 19), “de cada vez que os homens querem impor-se, arbitrários e despóticos, diante das leis divinas, há uma força misteriosa que os faz cair, dentro dos seus enganos e de suas próprias fraquezas. A impenitência da civilização moderna, corrompida de vícios e mantida nos seus maiores centros à custa das indústrias bélicas, não difere do império babilônico que caiu, apesar do seu fastígio e da sua grandeza. No banquete dos povos ilustres da atualidade terrestre, leem-se às três palavras fatídicas do festim de Baltasar. Uma força invisível gravou novamente o “Mane – Thecel – Phares” na festa do mundo. Que Deus, na sua misericórdia, ampare os humildes e justos”. Esta mensagem é um alerta sobre o destino da Humanidade, que persiste na manutenção das guerras, mesmo com dois mil anos de cristianismo. Estes conflitos ocorrem “devido a predominância da natureza animal sobre a espiritual e a saciedade de paixões” (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, questão 742). Lamentavelmente, evoluímos muito no aspecto intelectual, mas não nos sentimentos. Segundo Allan Kardec (obra citada, questão 780), a “inteligência e a moral, são duas forças que não se equilibram senão com o tempo”.
Mas, assim como já existiram outras civilizações que nos antecederam, estamos vivenciando o final de um ciclo evolutivo, que dará origem a uma Humanidade mais fraterna, através da imigração para Terra de Espíritos mais evoluídos de outros planetas e, a emigração daqueles que são recalcitrantes no mal, para um mundo primitivo. Allan Kardec (Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, outubro de 1866) adverte que “infelizmente, por desconhecer a voz de Deus, a maioria persistirá em sua cegueira e sua resistência marcará o fim de seu reino por lutas terríveis. Em seu desvario, eles próprios cavarão a sua ruína; impelirão à destruição, que provocará uma porção de flagelos e calamidades, de sorte que, sem o querer, apressarão o advento da era da renovação. E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se em proporção nunca vista, até entre as crianças. A loucura jamais terá ferido maior número de homens que, mesmo antes da morte, serão riscados do número dos vivos. São estes os verdadeiros sinais dos tempos. E tudo isto se realizará pelo encadeamento das circunstâncias, assim como dissemos, sem que em nada sejam derrogadas as leis da Natureza”. Esta fase de transição está confirmada pelo Espírito Manoel P. Miranda (FRANCO, D. P. Trilhas da libertação, cap. Diálogos esclarecedores), citando que “os transtornos mentais decorrentes do estresse e dos vários fatores psicossociais, socioeconômicos, demonstram que se vive na Terra, um período intermediário, prenunciador de grande renovação pela dor”.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita