Nossos pais liam estórias para dormirmos, dedicavam tempo e atenção como recompensa pela obediência aos limites e normas colocados. Nos anos 80 a mulher entra no mercado de trabalho, os pais saem de circulação e a criança passa absorver o que TV transmite. Na sequência surgem Ataris videogames, Playstations etc. Na atualidade é a internet. Se paga para subtrair a qualidade da relação criança/mundo. Depois se mobiliza para reduzir da idade penal, atacando o mal pela mandioca.
Outra característica da família moderna é a inversão de papéis, onde o adolescente aparece cada vez mais onipotente, manipulando pais. Percebem a base da família frágil (pai – mãe). São pequenos tiranos que tomam atitudes irresponsáveis num terreno de permissividade e falta de limites supondo desfrutar uma suposta liberdade.
Quem decide e não responde pelas decisões é tirano. Quem responde sem participar das decisões é o escravo. A cidadania encontra-se no eixo responsabilidade/liberdade. Quanto maior nossa responsabilidade, mais livres nos tornamos.
Pais estão escravos dos filhos, mas tem uma cumplicidade nessa inversão de papéis. Sem respondermos pelos nossos atos não alcançamos a liberdade, e culpamos os outros (marido, mulher, filhos, etc.) por nossa infelicidade.
Liberdade não é fazer o que queremos. Para Miguel Reale Jr. “o preço da liberdade é o eterno delito”.
O hidrogênio produz a energia que faz brilhar o Sol e as milhares de estrelas que vemos brilhar no céu.
Tenho uma filha adotiva que sempre me deu muito trabalho. Roubou um cartão de um parente pra gastar com roupas e presentes caros e quando perguntei se não tinha vergonha disse: “e eu com isso?” Quando bati nela meu marido me agrediu em sua frente, mas bateu no menino quando era pequeno. Ele a superprotege. Em duas situações me agrediu compensando-a com bens materiais, liberdade, levando-a para casa de parentes ricos. Depois voltou arrependido, pedindo pra perdoar e esquecer.
Está clara sua competição com sua filha, mas é aliada de seu filho muito embora argumente racionalmente os dois pesos e duas medidas da agressão do pai. Ao contrário do que possa parecer, seu problema não é com ela. Há uma fissura em seu casamento: Pai e mãe não falam a mesma língua, e isso é uma enorme brecha para os filhos inverterem os papéis. Você é o escudo de seu filho contra o pai assim como seu marido é para sua filha. É o édipo em ação.
Mas ao contrário do que parece, sua raiva é um deslocamento da raiva por seu marido, vendo-o como aliado dela. É claro que ele está errando na superproteção. Mais do que isso, vocês precisam rever juntos o rompimento provocado pelas brigas que cada um comprou em nome dos filhos. A consciência do erro é um bom começo, mas não é suficiente. Será necessário muito esforço, tolerância e paciência de ambos para vencerem a manipulação dos dois filhos.
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