Deus realmente autorizou os hebreus a cometerem genocídio?

Alvaro Vargas

A Providência Divina sempre atua de forma velada, promovendo a paz e a harmonia da Humanidade. Entretanto, devido ao nosso atraso moral, algumas medidas mais enérgicas, eventualmente, são necessárias. Isto ocorre através do envio de missionário para ações específicas ou pelas intempéries naturais. Foi assim com Moisés, que promoveu a libertação dos hebreus do regime de servidão no Egito, e Joana d´Arc, que conduziu os franceses na luta contra os invasores ingleses, evitando a fragmentação da França (DENIS, L. Joana d´Arc médium). Com relação aos desastres naturais, a destruição da “invencível armada”, do despótico imperador Filipe II que iria atacar a Inglaterra em 1588, sem motivo que justificasse semelhante agressão, é um exemplo de uma decisão do Mundo Maior (XAVIER, F. C. A Caminho da Luz, cap. 21. Pelo Espírito Emmanuel). Portanto, as ações e orientações espirituais do Alto sempre visam beneficiar indistintamente as coletividades humanas, evitando os abusos dos homens. Desta forma, devemos analisar à luz da racionalidade e do bom senso, certas citações bíblicas, como a que descreve o aval que Josué recebeu de Deus, para invadir as terras alheias e cometer um genocídio: “desde o deserto e o Líbano até o ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até ao mar Grande para o poente do sol será o vosso limite”. (Josué, 1:4). A primeira cidade conquistada foi Jericó, sendo incendiada e os seus habitantes exterminados (Josué, 6:21). Na sequência, foi promovido um massacre étnico em toda a região, justificado pela ordem divina: “porém, das cidades destas nações, que o Senhor teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa com fôlego deixarás com vida. Destrui-lo-ás totalmente; aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos perizeus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o Senhor teu Deus”. (Deuteronômio, 20:16-17).

Contudo, Deus não fala diretamente aos homens. Para isto, utiliza-se de seus mensageiros celestiais. Os profetas eram médiuns, homens comuns e falíveis. Conforme a sintonia metal que estabeleciam com o mundo invisível, atraíam Espíritos afins. Nesse caso, aproveitando-se do orgulho e exclusivismo que caracterizavam os hebreus, a presença de Espíritos trevosos pode ter ocorrido, estimulando a belicosidade deste povo para os assassinatos coletivos. Outra possibilidade, é que Josué simplesmente inventou uma estória, conforme consta na Bíblia, em que os hebreus, autorizados por Deus, deveriam conquistar a região sem qualquer misericórdia para os vencidos. Isto serviu para motivá-los a lutar e cometer atrocidades. Todavia, nenhuma injustiça humana fica sem uma resposta da Divindade. Estes hebreus reencarnaram na Europa no século XX, sofrendo as torturas e mortes nos campos de concentrações nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial (NEVES. W. Encontros com Jesus, cap. 14. Pelo Espírito Yvonne A. Pereira).

Lamentavelmente, ainda hoje, inúmeros teólogos e rabinos tentam justificar o genocídio cometido pelos hebreus, alegando serem determinações divinas. Assumem que a fonte espiritual que inspirou Josué e demais profetas era confiável. Estes estudiosos, deveriam estar cientes que os Espíritos que se comunicam conosco, nada mais são do que as almas dos próprios homens na vida além-túmulo. A mesma diversidade, intelecto moral, que ocorre em nossa sociedade, acontece no mundo invisível. A morte física não nos confere sentimentos ou sabedoria. Por esta razão, nas casas espíritas, qualquer comunicação com os Espíritos é precedida por uma preparação dos médiuns, que além da reforma moral de que necessitam exercitar durante toda a existência, são treinados durante vários anos para esta finalidade. Em nenhuma hipótese, uma mensagem similar as que constam na Bíblia, aqui referenciadas, incitando uma guerra e a prática de genocídio, seria considerada por um espiritista sério como uma revelação divina.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D, presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

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