Fome e moradores em situação de rua e os desafios para 2024

Pedro Kawai

A realidade da fome e da situação de rua em nossa cidade é um tema que merece atenção e ação imediata. O falecimento de uma moradora em situação de rua em Piracicaba no início do ano passado foi um alerta para a gravidade da situação. Infelizmente, essa não foi a primeira vez e, se nada for feito, não será a última. É urgente que medidas efetivas sejam tomadas para lidar com essa questão.

A presença de crianças, adolescentes e até de famílias inteiras de refugiados nas ruas de nossa cidade é um reflexo do crescimento alarmante dessa população. A falta de abrigo e de assistência leva essas pessoas a buscar nas ruas a sobrevivência e alimentação. A fome e a insegurança alimentar não são problemas exclusivos de Piracicaba, mas sim uma realidade brasileira que afeta milhões de pessoas em todo o país.

Nos últimos 20 anos, o Brasil viu o aumento significativo da fome, com um número cada vez maior de pessoas enfrentando a insegurança alimentar. Em 2004, 9,5% dos brasileiros estavam com insegurança alimentar grave. Até 2013 esse número chegou a 4,2% e o país saiu do Mapa Mundial da Fome, mas, a partir de 2018, esse índice voltou a subir.

Em 2022, atingimos o recorde assustador de 15,5% da população convivendo com insegurança alimentar grave, o que equivale a 33 milhões de brasileiros. Mais preocupante ainda é quando olhamos os dados apresentados pela imprensa ano passado: se considerarmos também a insegurança alimentar grave, leve e moderada, o número chega a mais da metade da população, ou seja, 58,7%.

Esses dados são alarmantes e exigem ação imediata por parte do Poder Público. A fome não é apenas uma questão humanitária, mas também está diretamente ligada a outras consequências sociais, como a violência, o consumo de drogas, a desnutrição e a exclusão social. É preciso agir com coragem e determinação para encontrar soluções efetivas e não se esconder atrás de burocracias e desculpas.

O que foi feito de lá pra cá? Quais ações efetivas foram realizadas? Quais serviços estão sendo oferecidos? Vamos ficar debruçados em leis que não permitem o atendimento compulsório até quando?

É fundamental que sejam implementadas políticas públicas eficazes para combater a fome e garantir assistência adequada às pessoas em situação de rua. Mais ação e menos burocracia. Mais coragem para encontrar a solução e menos desculpas para a omissão e não atendimento.

Além disso, é necessário investir em programas de capacitação e inclusão no mercado de trabalho, resgatando a autoestima dessas pessoas e oferecendo-lhes oportunidades reais de mudança de vida.

Felizmente, em Piracicaba, temos exemplos de trabalho voluntário e iniciativas da sociedade civil que combatem ativamente a fome e oferecem assistência às pessoas em situação de rua. O Exército das Formiguinhas, a Diocese, as igrejas, as ONGs e outras entidades desempenham um papel fundamental nesse processo. Além disso, instituições como a ACIPI, o SIMESPI e o Sindicato dos Metalúrgicos realizam importantes capacitações para inclusão no mercado de trabalho, resgatando também a autoestima dessas pessoas.

No entanto, é preciso mais do que esforços isolados. O fato de perdermos vidas de moradores em situação de rua é, com certeza, um sinal de alerta. Uma morte não pode ser tratada como estatística e ser esquecida com o tempo, ainda mais se ela aconteceu há alguns metros de distância onde antes tínhamos um albergue noturno.

É hora de agir. É hora de unir esforços e recursos para enfrentar a fome e a situação de rua em nossa cidade. Não podemos permitir que essa realidade persista. Cada pessoa merece dignidade, segurança alimentar e um lar. Vamos trabalhar juntos para superar esses desafios e construir uma cidade mais justa e solidária para todos.

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Pedro Kawai é vereador em Piracicaba pelo PSDB

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