Alvaro Vargas
Em nossa sociedade, particularmente no meio político, é comum os indivíduos se contradizerem entre o falam e o que praticam. Entretanto, é conhecida a importância de existir a coerência entre o que dizemos e as nossas atitudes. Confúcio (552 – 489 a.C.), filósofo chines, ensinava que se a palavra convence, o exemplo arrasta. Na mitologia grega, contada por Aristóxeno e descrita pelo Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, D. P. Seja Feliz Hoje, cap. 2), é citado um episódio que ocorreu na cidade de Siracusa, antiga Grécia, no qual o jovem, Pítias, criticava publicamente os desmandos do governador tirano Dionísio (430 – 367 a.C.). Entretanto, mesmo advertido, ele manteve o procedimento, sendo então preso e condenado a pena de morte. Como lhe foi oferecido um último desejo antes da sua execução, Pítias solicitou viajar para outra cidade, a fim de despedir-se da esposa e filhos. Ironizado por Dionísio, que via uma possibilidade de fuga, Damon, um grande amigo de Pítias, ofereceu-se como garantia até que ele regressasse na data da execução, o que de fato ocorreu. Emocionado, ao ver que Pítias chegou mesmo ferido, no prazo estipulado, após ter sobrevivido a um naufrágio e ainda escapado de um assalto perpetrado por malfeitores, Dionísio retirou a sentença e mandou libertar os dois amigos, dizendo: “uma amizade deste porte merece respeito e compensação. Não somente os liberto, como lhes rogo que me ensinem essa nobre virtude que tanta falta faz a Humanidade, ajudando-me a participar dela”. Enquanto fazia as suas oratórias em praça pública, Pítias não sensibilizou o governador. Contudo, conseguiu modificar as suas disposições mentais, quando esse verificou que ele era sincero, pois, demonstrou a coerência entre o que falava e as suas atitudes; um exemplo de que para qualquer situação vivenciada, é fundamental ser coerente entre falar e fazer.
Durante a divulgação da sua Boa Nova, Jesus alertou os seus discípulos sobre a coerência de suas atitudes: “seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mateus 5:37). Isso é compreensível, pois, quando falamos, assumimos responsabilidades que devem ser compatíveis com as nossas ações. Tenhamos prudência ao falar, pois, conforme o adágio popular, “falar é fácil, difícil é fazer”. O apóstolo Pedro aprendeu isso na noite em que Jesus foi preso, em Jerusalém. Considerava inabalável a sua fé no Cristo e ficou surpreso quando ele lhe disse que após a sua prisão, o negaria. Indignado, refutou, alegando que o protegeria com a própria vida. Entretanto, ouviu do Mestre Nazareno a advertência de que ainda naquele dia, “iria aprender que o homem do mundo é mais frágil do que perverso” (XAVIER, F. C. Boa Nova. Pelo Espírito Emmanuel, cap. 26). Felizmente, com humildade e autocrítica, Pedro superou as suas limitações, tornando-se a coluna mestra de sustentação do cristianismo nascente.
Lamentavelmente, a fraqueza moral de muitos cristãos os conduz a um processo obsessivo, resultando na ausência de coerência entre o que apregoam e a sua conduta social. De acordo com o Espírito Manoel P. Miranda (FRANCO, D. P. No Rumo do Mundo de Regeneração, cap. 5), “desde o mês de abril de 2004, Entidades desencarnadas, adversárias do Cristo, declararam guerra ao seu nome, intentando retirá-lo do calendário humano. Uma campanha infeliz, muito bem-organizada, fora deflagrada, e os espíritas, por serem os cristãos modernos adeptos através do Consolador que Jesus prometera, seriam ferozmente combatidos; ao passo que governos com filosofias materialistas levantar-se-iam com os povos avassalados pela depravação para vulgarizá-lo e levá-lo aos palcos do ridículo e da zombaria de baixos níveis morais e sociais”. Portanto, todos aqueles que se consideram verdadeiros cristãos, não devem se iludir frente as ideologias equivocadas que contradizem a Boa Nova de Jesus, resguardando-se na oração e na vigilância conforme ele nos ensinou.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita