O centenário da acidez cultural

Ari Junior

 

O centenário de nascimento de Millôr Fernandes foi celebrado em 16 de agosto de 2023. Mas, quem foi esse notável brasileiro da área da cultura nacional? Millôr Fernandes foi um renomado escritor, humorista, desenhista e jornalista brasileiro, conhecido por seu humor ácido e inteligente, bem como por sua contribuição para a cultura brasileira ao longo das décadas em que viveu e produziu.

Millôr Fernandes nasceu em 16 de agosto de 1923 e faleceu em 27 de março de 2012, aos 88 anos. Durante sua vida, ele deixou um legado significativo em várias áreas, incluindo a literatura, a crônica, o teatro e o jornalismo.

Suas obras incluem, como citamos, peças de teatro, poemas, crônicas, desenhos e traduções de autores consagrados, como Shakespeare. Ele também foi um colaborador frequente de diversos jornais e revistas, como o “O Pasquim,” onde suas crônicas e desenhos eram muito populares.

Como nos faltaria espaço para destacar as inúmeras facetas da obra de Millôr Fernandes, vamos focar onde foi mais longevo e frutífero, no jornalismo, e aqui cabem algumas notáveis referências a esse grande pensador de sua época, afinal de contas, ele foi um dos jornalistas, cronistas e humoristas mais influentes do Brasil, e sua contribuição para o campo do saber em geral foi notável pelos seguintes aspectos:

Primeiro, podemos destacar seu humor e ironia, pois Millôr Fernandes era conhecido por seu estilo de escrita humorística, que combinava sarcasmo, ironia e observações perspicazes. Ele usava o humor como uma ferramenta para criticar a sociedade, a política e as questões culturais, fazendo com que suas crônicas e colunas fossem populares e provocativas.

Depois, é importante frisar seu lado de crítico social, já que Millôr não apenas fazia as pessoas rirem, mas também as fazia refletir. Suas crônicas frequentemente abordavam questões sociais e políticas importantes, e ele usava seu humor para destacar problemas e injustiças na sociedade brasileira. Neste aspecto, podemos destacar o quão versátil foi Millôr Fernandes em sua carreira jornalística, escrevendo sobre uma ampla variedade de tópicos, desde política até cultura popular. Essa característica o tornou um escritor respeitado e amplamente lido em várias esferas da sociedade brasileira.

Além de suas habilidades como escritor, Millôr era um talentoso desenhista. Ele contribuiu com desenhos e caricaturas para várias publicações, incluindo o “O Pasquim,” um veículo de imprensa alternativo e satírico que desempenhou um papel importante na resistência política durante os anos de ditadura militar no Brasil e do qual Millôr foi um dos fundadores e colaboradores mais proeminentes. Nesse veículo, seu trabalho visual acrescentava outra dimensão ao seu humor e crítica, mesmo em anos onde isso poderia custar-lhe uma série de problemas com a Justiça. Suas contribuições ousadas e corajosas a este jornal ajudaram a criar um espaço para a liberdade de expressão e crítica.

Ainda podemos destacar o quanto Millôr Fernandes também foi um tradutor prolífico, trazendo para o público brasileiro obras de autores estrangeiros, como Tchekhov, Pirandello e Sófocles. Sua habilidade como tradutor contribuiu para a disseminação de grandes obras literárias em língua portuguesa.

A comemoração dos cem anos de seu nascimento também é uma oportunidade para relembrar e celebrar sua influência duradoura na cultura brasileira, bem como para revisitar suas obras e seu estilo humorístico único. Ensina-nos a libertar-nos das amarras de qualquer ideologia, e a prezar a liberdade de pensamento. Dessa forma, concluímos que pensar sem restrições nos conduzirá à madureza de percepção, para que a acidez criativa também nos contagie a sempre crescer cada vez mais. Viva Millôr!

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Ari Junior, comprador e escritor

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