Alvaro Vargas
Na visão da Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou de enfermidade”. Entretanto, em nossa sociedade, são raros os indivíduos que tomam o devido cuidado na preservação do corpo físico e devido ao estresse, tão comum na vida moderna, associado ao sedentarismo e uma alimentação irregular, parte expressiva da população pode estar, sem perceber, comprometendo a sua disposição física e mental. Porém, existem outras enfermidades com sintomas mais nítidos, particularmente as originadas pelos hábitos sociais equivocados, como o tabagismo e alcoolismo. Além disso, outros fatores podem afetar a nossa saúde, pois, sendo a Terra um mundo de provas e expiações, uma existência é sempre um grande desafio, particularmente para aqueles que não cultivam o autocontrole e comprometem a sua saúde durante os conflitos interpessoais. Por isso, o Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Vinha de Luz, cap. 157), esclarece que “a maioria das moléstias procede da alma, das profundezas do ser”. Segundo o Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. Missionários da Luz, cap. 4), as moléstias da alma, como nas enfermidades do corpo físico, antes da afecção existem o ambiente. As ações produzem efeitos, os sentimentos geram criações, os pensamentos dão origem a formas e consequências de infinitas expressões. A cólera, a desesperação, o ódio e o vício oferecem campo a perigosos germes psíquicos na esfera da alma.
Contudo, nem sempre as moléstias têm origem nesta encarnação. O Espírito detém todos os registros das suas existências, além disso, o perispírito é a matriz do corpo físico que será gerado no útero materno. Quando necessário, a providência divina, objetivando curar a alma daqueles que delinquiram no passado, permite que as energias deletérias que foram produzidas e encontram-se agregadas ao perispírito, migrem para o corpo físico, ocasionando várias enfermidades. Em concordância com o Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. O Consolador, cap. 5), “o corpo doente reflete o panorama interior do Espírito enfermo. A Patogenia é um conjunto de inferioridades do aparelho psíquico”. É conveniente ressaltar que dentre todas as reencarnações retificadoras, uma das mais dolorosas é a dos suicidas. Além de atravessarem um período expiatório nos charcos do Umbral pelo tempo de vida que ainda teriam na Terra, são compelidos a reencarnações penosas para recompor o períspirito danificado pela sua invigilância. Dessa forma, os que se utilizaram de substâncias tóxicas em existência pregressa, renascem, sofrendo o tormento das deformações congênitas, úlceras gástricas e cânceres. Os que esfacelaram o crânio com arma de fogo, conforme a área afetada, podem reencarnar na idiotia e/ou cegueira, entre outras. Similarmente, todo indivíduo que, por suas ações irresponsáveis, danifica seus órgãos em vida, também sequela seus equivalentes, no corpo espiritual, cujos efeitos podem surgir nesses mesmos órgãos nas reencarnações subsequentes.
Conhecendo a fraqueza moral da Humanidade, Jesus, quando estava na Galileia, teceu um diálogo esclarecedor com os seus apóstolos (XAVIER, F. C. Contos e Apólogos, cap. 6. Pelo Espírito de Humberto de Campos), onde mencionou: “sem o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do paraíso”. Mas, devemos analisar esse processo de forma positiva, pois, conforme o Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. No Mundo Maior, cap. 10), a reencarnação constitui sempre uma bênção que se concretiza com a ajuda superior. Deus é o Pai Amoroso e sábio que sempre converte as nossas faltas em remédios amargos, que nos curam e fortalecem. Felizmente, não existe um fatalismo cármico, e sempre podemos atenuar as expiações na Terra, através do exercício da caridade, conforme ensinada e exemplificada por Jesus.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita