Douglas S. Nogueira
É difícil olhar para o semblante de um menino de rua. Seu rosto sofrido marcado pelo desacerto da vida, das condições desastrosas que o mundo oferece, traz-nos uma imensidão de tristeza e angústia por vermos aquela criança sendo esmagada pela injustiça da vida.
São milhões de meninos nessas condições. Sonhos, esperanças, objetivos que ao vento se perdem, que pelo Sol são queimados e pela chuva levados.
Não só no Brasil como em todo planeta, o número de meninos de rua é assustador e deprimente, é praticamente incontável a quantidade de meninos abandonados nas sarjetas clamando por um lar, buscando a solução imediata para suas vidas, uma estratégia real, viva que possa tirá-los daquela escuridão do viver.
Os maiores culpados por todo o sofrimento desses meninos são os “inexistentes” familiares, que, por motivos muita das vezes banais, despejaram tais crianças no seio cruel do mundo, nem ao menos se preocupando com o destino da vida dessas proles.
Se encontrarmos hoje um desses familiares, os mesmos falarão uma versão inacreditável. Dirão eles que aquela criança foi abandonada por motivo da falta de condições, ou mesmo pela rebeldia que ela apresentava. Horrível! E a educação onde fica nessa hora? Bastavam esses inúteis familiares pensarem apenas um instante sequer, e tentarem educar a qualquer custo tal criança. Em relação à falta de condições para criá-la, familiares assim realmente não possuem essas condições, primeiro porque não sabem amar nem a si próprios e segundo pela ausência de postura acompanhada por um comodismo, que resulta na grande irresponsabilidade da criação de um filho.
Voltando ao foco, a mente desses meninos é repleta de ilusões, muitas dessas logicamente, causadas por motivo da infância, mas em contrapartida a verdadeira causa fica por conta do desespero que possuem de viverem felizes, em paz, participando dignamente de um seio familiar, por isso sonham, iludem-se e até mesmo tentam da maneira deles buscarem a solução para isso.
Investir em um menino assim pode ser algo maravilhoso, por outro lado tal tentativa poderá trazer sérias decepções e prejuízos. A razão desses dois lados da moeda é simples; na primeira ocasião, o menino dotado pela vontade avassaladora de possuir um lar, estudar e brilhar na vida trará consigo uma grande submissão à ordem e regras; no entanto, no segundo caso, o mesmo disposto a jogar pelos ralos suas últimas esperanças, pode agir como um grande delinquente, assassino de primeira linha, sendo assim, a adoção de tais meninos, deve ser feita através de instituições sérias e renomadas, para que dessa forma tal ato de amor não se torne em um verdadeiro pesadelo.
Grandes celebridades da história mundial foram, no passado, meninos de rua, que, pela sorte do destino, hoje são exemplos de vida, conduta e da realização de sonhos que na ocasião passada, pareciam impossíveis de se realizarem.
Jamais devemos desprezar um menino dessa linhagem, porque, apesar de suas condições perante a vida, ele possui a maior das blindagens contra sua pessoa, o mesmo nada mais é que uma criança. O fato de estar largado em meio à sociedade, não quer dizer que seu valor já não existe mais, tal criança por mais abandonada que esteja, pode estar cheia de amor, caráter, gratidão, postura e principalmente repleta do grande desejo de ser homem digno perante o mundo.
Menino de rua que amanhã poderá ser o presidente, o líder ou comandante da mesma sociedade que há tempos o desprezou como algo inútil, digno do desprezo geral.
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Douglas S. Nogueira, Técnico de Planejamento da Manutenção
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