Por que Jesus não perdoou a mulher pecadora quer iria ser lapidada?

Alvaro Vargas

Os rabinos do Grande Templo de Jerusalém desejavam fazer Jesus cair em contradição. Assim, trouxeram uma mulher casada que havia sido flagrada em adultério para ser condenada à morte pelo apedrejamento (João, 8:1-11). Uma situação difícil, pois se a inocentasse, estaria contrariando as leis da época. Caso a condenasse, demonstraria falta de caridade, contradizendo os seus ensinamentos. Entretanto, conhecendo a hipocrisia e as fraquezas humanas, disse: “aquele que dentre vós estais sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. Todos se retiraram, e o Mestre Nazareno apenas falou: “ninguém te condenou? Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais”. Entretanto, embora Jesus não a tenha condenado, também não a perdoou.

Em outro episódio, anterior a esse, quando ainda se encontrava na Galileia, a conhecida vendedora de ilusões, Maria de Magdala, adentrou-se em um banquete que lhe era oferecido na casa de Simão, um fariseu, no povoado de Nain, levando-lhe os pés com lágrimas e enxugando-os com os seus cabelos, derramando perfume e beijando-os (Lucas 7:36-50). Nesse evento, disse-lhe Jesus: “os seus pecados estão perdoados”. Ao analisarmos a situação dessas duas mulheres, em uma análise precipitada, pode parecer que existiu uma contradição nas decisões de Jesus. Contudo, o Espiritismo esclarece que Jesus não eximiu nenhuma delas das provas e expiações que teriam de vivenciar. Maria de Magdala, doou toda a sua riqueza aos pobres e acompanhou o Messias, estando presente durante o seu martírio. Testemunhou o cumprimento da profecia que ele “ressuscitaria”, levando a certeza da imortalidade para todos os apóstolos. Mesmo desacreditada inicialmente, por eles, contou com o apoio de Maria de Nazaré. Como era muito bonita e com um passado condenável, os discípulos não a queriam por perto. Mesmo assim, não desistiu, optando por ministrar a Boa Nova no Vale dos Leprosos, onde contraiu a hanseníase. Na sua desencarnação, foi recolhida pelo próprio Mestre Nazareno (XAVIER, F. C. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos, cap. 20).

Com relação ao perdão concedido à Maria de Magdala, foi uma conquista que realizou ao transformar-se moralmente, modificando significativamente as suas disposições mentais e atitudes perante a vida. Somos espíritos eternos, com inúmeros débitos acumulados devido às iniquidades praticadas durante o processo reencarnatório. Jesus considerou apenas a Maria de Magdala renovada, pois, o seu passado, seria apenas de sua responsabilidade perante as leis divinas. Com a visão circunscrita a esta reencarnação, sem considerar as iniquidades das vidas pregressas que todos possuem, devido à ausência de autocrítica, os apóstolos julgaram-na apenas como uma mulher dissoluta e incapazes de perceber a transformação moral que ela havia logrado, não lhe davam crédito. O apóstolo Pedro também compartilhava dessa dúvida sobre a “ressurreição” de Jesus e, logo após essa revelação, foi visitar os irmãos Lázaro, Marta e Maria em Betânia (MAIA, J. N. Jesus Voltando. Pelo Espírito Shaolin, cap. Simão Pedro e Jesus). Nessa oportunidade, o Espírito do Mestre Nazareno se vez visível a todo o grupo e esclareceu: “Maria de Magdala teve a prioridade da minha presença depois do Calvário, porque ela escolheu a melhor parte do meu reino: ao abrir o seu coração sensível ao Amor, àquele Amor que eu vos ensinei a todos. Ela sentiu a fé que eu irradiava e passou a vive esta Fé; ela confiou nas minhas palavras e entregou todo o seu ser ao exercício da caridade, sem reclamar, sem exigir, desconhecendo blasfêmias”. Podemos compreender que as situações das duas mulheres pecadoras, eram distintas. A que ia ser lapidada ainda teria que palmilhar um longo caminho para despertar o amor e a confiança em Jesus. Por outro lado, Maria de Magdala, despertou e conseguiu atravessar a porta estreita mencionada pelo Sublime Nazareno (Mateus, 7:13-14).

 

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

 

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