O nosso livre arbítrio e o “tempo” de Deus

Alvaro Vargas

O rei Salomão, conhecido por sua sabedoria e por construir o primeiro Templo de Jerusalém, cita que “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes, 3:1). A doutrina espírita explica que Deus nos concede o livre arbítrio em nossas decisões, entretanto, essa permissão é limitada ao nível evolutivo que atingimos, em um período conforme a Sua decisão. De fato, conforme Allan Kardec (A Gênese, cap. XVI, item 13) “quando uma coisa está nos desígnios de Deus, ela se cumpre a despeito de tudo, ou por um meio, ou por outro”. O Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Coletânea do Além, cap. 50), esclarece que “o relógio da evolução universal não pode estacionar, em face da defecção dos homens, pois, a hora do Cristo soa no momento oportuno”.

Temos inúmeras reencarnações, sendo importante aproveitarmos todas as oportunidades evolutivas oferecidas por Deus para evoluir intelecto moralmente, a fim de nos libertarmos do ciclo doloroso das provas e expiações. Conforme o Espírito Camilo, “enquanto a criatura humana não alcançar o conhecimento quanto a sua realidade espiritual. E, enquanto não admitir que não nos achamos na Terra por força da casualidade, e que há um planejamento da Divindade para nosso progresso individual e para o nosso avanço no campo social, será muito difícil consertarmos as linhas distorcidas da vida terrena”. (TEIXEIRA, R. O tempo de Deus, cap. 17). Ninguém reencarna para fracassar e comprometer-se perante as leis divinas. Isso, quando ocorre, é unicamente devido a nossa desobservância às leis do Mundo Maior. O Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, D. P. Luz nas trevas, cap. 6), menciona que “as distrações e as variedades de divertimentos, as licenças morais que liberam as condutas esdrúxulas, produzem, no seu conjunto, aturdimento e perda do foco espiritual, necessário à existência saudável. O excesso de distrações e prazeres, o consumismo doentio, a avalanche de informações que circulam nas redes sociais são artimanhas do materialismo, com o escopo de confundir mentes e corações incautos e invigilantes. Entretanto, àqueles que receberam o convite do Cristo para serem trabalhadores do bem e promovedores da paz, que, nesses tempos difíceis e conturbados, não podem se omitir e ainda devem ajudar aqueles que estão nas trevas ou em sofrimento”.

Segundo o Espírito Emmanuel (XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida, cap. 1), “os interesses imediatistas do mundo clamam que o tempo é dinheiro, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações. Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência. Emmanuel ainda esclarece que “em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o Apóstolo Paulo (Romanos, 14:6), nos afirma que o tempo deve ser do Senhor”. Somos espíritos vivenciando transitoriamente uma experiência em um mudo material. Portanto, até o regresso para a nossa verdadeira pátria (o mundo espiritual), necessitamos aprender a valorizar melhor a nossa existência na Terra, superando as ilusões desse mundo. “Nada você perderá pelo uso da calma em sua trajetória humana, pois, longe de alimentar-se da ideia materialista de que tempo é dinheiro, você começará a pensar que, fundamentalmente, tempo é oportunidade, e que você deverá aproveitá-la para o melhor”. (TEIXEIRA, R. Pelo Espírito Joanes. Para uso Diário, cap. 7). E o Espírito Emmanuel nos adverte que “o tempo endereça às criaturas o seguinte aviso, em cada alvorecer: certamente, Deus te concederá outros dias e outras oportunidades de trabalho, mas faze agora todo o bem que puderes porque dia igual ao de hoje só terás uma vez”. (XAVIER, Francisco C. O livro de respostas, cap. 15).

 

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D. Presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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