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Noedi Monteiro
Faz sentido, Piracicaba comemorar o Dia Mundial da África celebrado pela ONU à resiliência do extenso continente africano, dos negros livres e da emancipação das nações, então partilhadas e apropriadas, por países europeus, na Conferência de Berlim (1884-1885). É uma data importante de Vidas Negras na Grande Piracicaba Metropolitana e Afrorreferência Paulista versando sobre a gratidão ao Dr. Manuel Hermínio Paquete (1894-1992) engenheiro-residente da Estrada de Ferro Sorocabana (1929-1962) por morar com a família na cidade (1943-1945) e construir na planície do Itapeva, a Estação central. Atual sede da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes de Piracicaba (SEMUTTRAN), contígua ao TCI, à Av. Armando de Salles Oliveira, 2001. Tombada pelo CODEPAC conforme o Decreto n. 9.576, de 28-08-2001, como Edifício, que traz o seu nome atendendo, à indicação (19-12-2000) deste cronista, enquanto membro do órgão municipal (1998-2000) pelo IHGP. Pan-africanista na gema, como o dr. W. E. B. Du Bois (1868-1963), considerado, o pai do movimento e ativista dos direitos civis. Dr. Paquete, nos iguala, por compartilhar a sua presença como aos solos pan-africanistas pela grandeza do movimento, pela restauração da África e sentimento de pertencimento que move, os afrodescendentes de todo mundo. Em que pese, ter estado pela ferrovia, também em Botucatu, Cerquilho, Bauru, Sorocaba, Porto Feliz, Itu/SP. Em Interlagos São Paulo, capital, como topógrafo.
Os pan-africanistas, apesar da ascendência africana, não haviam nascido no continente áfrico, salvo, o Dr. Paquete, natural de São Tomé (21-06-1894), capital do Arquipélago de São Tomé e Príncipe, no Golfo de Guiné, África Equatorial. A sua consagração e referência ao movimento, que desejava reunir, líderes negros em todo mundo.
O Pan-Africanismo carrega na ideologia, o escopo político e revolucionário da consciência africana, por uma luta anticolonial, descolonização do continente, restituição de seus territórios, direitos dos negros, bem como, a unificação política da África. Buscava em escala mundial chamar a atenção, para o problema do negro e cobrava para a isso, diretamente, a Inglaterra, a Bélgica e a França pela pilhagem da África.
Fernando Monteiro (1912-1993), pedreiro na Estrada de Ferro Sorocabana (1942-1976), meu pai, ativista e diretor social do S. B. 13 de Maio, trabalhou, sob a chefia de linha do Dr. Paquete, como era conhecido na ferrovia. Único protagonista, do pan-africanismo raiz presente no Brasil. Falecido a 15-05-1992.
Fênix da emancipação dos países africanos: décadas de 1950, mormente 60 e 70. Na esteira dos anos sessenta, surge na Etiópia, a Organização da Unidade Africana – OUA (1963). No rastro da última década, países latino-americanos refletem e se inspiram, com modelar sentimento pan-africanista, a organizar, o I Congresso de Cultura Negra das Américas em Cali, na Colômbia (1977); II no Panamá (1980); III em São Paulo/SP na PUC (1982) organizado pela Ipeafro, de Abdias do Nascimento (1914-2011), pensador e político, que suscita, o pan-africanismo no Brasil.
O debate da descolonização se estende à decolonização, que se entende por uma revisão crítico-histórica e política do período, desbancando no mundo todo e de pedestais eurocêntricos e extremistas, outrora opressores, então guindados, a heróis nacionais, a exemplo, do algoz do Congo, Leopoldo II (1835-1909) rei da Bélgica.
A cantora Mirim Makeba (1932-2008) que foi casada (1968-1978) com o expressivo militante do Movimento Black Power nos EUA, Stokely Carmichael (1941-1998) dizia que: “Você não pode esperar que as pessoas que vieram para invadir, venham a escrever a verdade sobre nós.”
Arremata Marc Ferro (1924-2021), professor e historiador francês: “Não nos enganemos: a imagem que fazemos de outros povos, e de nós mesmos, está associada à História que nos ensinaram quando éramos crianças”.
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Noedi Monteiro, professor, pesquisador, cronista, mestre em educação, remanescente da S. B. 13 de Maio de Piracicaba, do IHGP, ativista do acervo pessoal e racial.