#FALAPAULOSOARES – Câncer de colo do útero, uma doença oportunista para quem vive com HIV

Nós já trouxemos, neste espaço semanal para compartilhamento de informações, a diferença entre o HIV e a Aids. O primeiro se trata do vírus da imunodeficiência humana; já a segunda é a síndrome que afeta todo o sistema imunológico do corpo, responsável por defender o organismo. Na edição de hoje, vamos falar um pouco de como o câncer de colo do útero é uma “doença oportunista” para quem vive com HIV – aliás, é um problema muito grave e que gera preocupação em todo mundo.

Programa conjunto das Nações Unidas que tem como objetivo liderar e coordenar a resposta global à epidemia HIV/Adis, o UNAIDS apresenta, em seu site oficial, um texto bastante esclarecedor sobre essa tema e de onde o adjetivo “oportunista” – que estampa o título deste artigo – foi retirado. Segue o texto, na íntegra, que também está disponível no site unaids.org.br.

 

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O câncer de colo do útero (ou câncer cervical)—uma doença que pode ser prevenida por meio da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e é curável quando detectada precocemente e tratada—é desenvolvido em mais de 500 mil mulheres a cada ano, metade das quais morrem devido à doença. Se os esforços de prevenção, triagem e tratamento do câncer de colo do útero não forem ampliados urgentemente, esse número pode dobrar até 2035.

O câncer de colo do útero é uma doença oportunista entre pessoas com HIV, já que mulheres com HIV são mais propensas a desenvolver lesões pré-invasivas que podem, se não forem tratadas, progredir rapidamente para o câncer invasivo — elas têm de quatro a cinco vezes mais propensas a desenvolver câncer cervical invasivo. A infecção por HPV aumenta significativamente o risco de transmissão do HIV tanto para homens como para mulheres.

Graças ao tratamento para o HIV, cada vez mais mulheres vivendo com HIV têm vidas longas e saudáveis, mas é necessário que não sucumbam a outras doenças, incluindo o câncer de colo do útero. “Não faz sentido salvar a vida de uma mulher da Aids, apenas para deixá-la morrer de um câncer tratável ou prevenível”, disse o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush em outubro de 2015. O Instituto George W. Bush lidera esforços para erradicar a Aids e o câncer de colo do útero.

Nove em cada dez mulheres que morrem devido ao câncer de colo do útero vivem em países de baixa e média renda. A resposta ao câncer de colo do útero e ao HIV em conjunto nesses países é vital. Infelizmente, no entanto, a maioria dos países de baixa e média renda com alta prevalência de HIV tem programas limitados para prevenção e controle do câncer de colo do útero.

Há uma conscientização crescente sobre a necessidade de maximizar as sinergias entre a resposta à Aids e os esforços para prevenir, diagnosticar e tratar o câncer de colo do útero por meio da vacinação, educação, triagem e tratamento do HPV. Da mesma forma, os programas de HIV existentes podem desempenhar um papel estratégico na expansão dos serviços de prevenção do câncer de colo do útero.

Reduzir o número de mortes decorrentes do câncer de colo do útero requer uma abordagem abrangente que inclua: 1) Educação em saúde, incluindo educação sexual abrangente e apropriada à idade; 2) Vacinação contra o HPV para adolescentes; 3) Triagem de todas as mulheres com risco de desenvolver câncer de colo do útero. Os programas de triagem devem incluir aconselhamento, testagem e tratamento do HIV, bem como outros serviços de saúde sexual e reprodutiva e tratamento de lesões cervicais pré-cancerosas e câncer cervical invasivo e avançado; 4) Garantir o acesso aos cuidados paliativos, quando necessário.

“Todas as mulheres vivendo com HIV precisam ter acesso a informações sobre o HPV e devem receber acompanhamento e tratamento do câncer de colo do útero, se necessário,” disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS.

Em maio de 2018, o Instituto George W. Bush e o UNAIDS lançaram um esforço conjunto por meio de uma parceria de 30 milhões de dólares para acelerar os esforços em oito países da África Subsaariana e garantir que mulheres e meninas vivendo com HIV sejam uma prioridade nos programas nacionais de prevenção e controle do câncer de colo do útero. “O Plano de Emergência salvou a vida de milhões de mulheres vivendo com HIV em todo o mundo,” disse Deborah Birx, coordenadora global de Aids e representante especial dos EUA em Diplomacia para Saúde Global, no lançamento da parceria em maio de 2018. “Precisamos garantir que essas mesmas mulheres—mães, filhas, tias e avós—que estão vivendo com HIV e prosperando não sucumbam ao câncer de colo do útero.”

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Heptatites Virais).

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