Alvaro Vargas
Nas regiões pantanosas do Umbral, no mundo espiritual, permanecem milhões de almas que fracassaram nas experiências terrenas. São indivíduos que receberam preciosas concessões do Altíssimo a fim de se aprimorarem intelecto moralmente, mas que se deixaram iludir pelo fascínio do mundo material e fracassaram fragorosamente. Reencarnaram em corpos físicos saudáveis, adquiriram cargos de relevo na sociedade, riqueza, poder etc., mas prejudicaram inúmeros indivíduos devido ao egoísmo e a ambição desmedida. Desonestos e cínicos, acreditavam-se capazes de ludibriar a Divindade. Seduzidos pela sexolatria e prodigalidade, abusaram da riqueza e do poder, e toda sorte de vícios, regressando para a erraticidade como farrapos humanos. Devido à densidade moral oriunda das iniquidades praticadas, foram atraídos para as regiões trevosas no interior da Terra, padecendo em seus charcos expiatórios. Permanecem o período necessário para que o contato com a lama existente permita que drenem de suas almas, os fluidos perniciosos. Contudo, ninguém fica sem a proteção de Deus. No momento aprazado, quando as circunstâncias o permitem, abnegados servidores de Jesus, submetidos aos maiores sacrifícios, desvelam-se em tarefas missionárias de resgate de todos aqueles passíveis de deixarem estes sítios pantanosos e nauseantes.
O Espírito Manoel P. Miranda (FRANCO, D. P. Nas fronteiras da loucura, cap. 22), descreve uma destas missões, dirigida por Dr. Bezerra de Menezes. Os gemidos e súplicas das almas sofredoras que se asfixiavam na lama era estarrecedor. Tentavam chegar à superfície e gritar, mas eram atraídas para o fundo do lamaçal pútrido. Compadecido desses Espíritos, Dr. Bezerra os convidou para saírem deste núcleo de sofrimento, utilizando para isto uma corneta para propagação do som, devido aos lamentos e gritos que se faziam ensurdecedores. O local era guardado por Espíritos trevosos que se intitulavam juízes do local. Refratários ao bem, buscavam atacar os missionários do Cristo, mas eram contidos devido à proteção do alto. Associado ao convite de Bezerra, foram lançadas redes, que ao contato com a substância lamacenta asquerosa, adquiriam brilho e lampejavam. Essas redes são feitas de substâncias retiradas do fluido cósmico e muito fortes, registrando as irradiações mentais daqueles que as tocam. Quando o peso específico da exteriorização psíquica da alma era negativo, as malhas da rede se diluíam, caso contrário, enrijeciam-se. Desta forma, assim que as almas se agarravam as redes, muitas conseguiam ser resgatadas, mas outras, não conseguiam segurá-las, pois as malhas se desfaziam ao seu contato, pois ninguém ludibria as leis de Deus. Mesmo padecendo muitos sofrimentos, nem todos estavam sinceramente arrependidos do mal que praticaram. Desejavam apenas se liberar de situações que lhes desagradavam, sem interesse em mudar seu próprio comportamento. Choravam, sofriam, revoltam-se, sem pretender transformar-se moralmente, necessitando, portanto, de aprendizado penoso para modificar as suas estruturas íntimas, capacitando-se para o renascimento.
Há séculos, Jesus nos convida a segui-lo. Aguarda pacientemente, respeitando o nosso livre arbítrio. Tem nos enviados inúmeros mensageiros, proporcionando a possibilidade de aprendizado a todas as nações do mundo. Porém, parcela significativa da Humanidade ainda se mantém em um círculo improdutivo de iniquidades e expiações, comportando-se como mortos vivos. Imediatistas, priorizam apenas a alimentação e a sensualidade desregrada, negligenciando os valores morais da vida. Contudo, a ignorância e displicência das coisas espirituais, não nos exime das responsabilidades perante a justiça divina. Da mesma forma, o conhecimento da Boa Nova de Jesus, sem a vivência dos seus ensinamentos, tem pouco proveito para o indivíduo que despreza as oportunidades que lhe foram concedidas aqui na Terra.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita