Por que devemos aceitar o convite de Jesus?

Alvaro Vargas

Em nossa jornada terrena enfrentamos muitos desafios e nem sempre nos atentamos para as questões espirituais. Esquecemos que a existência na Terra é muito breve e, eventualmente, regressaremos para a pátria espiritual. Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, questão 895) cita que “o apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro”. Embora seja difícil conciliar as questões materiais com as espirituais, os que já despertaram para a Boa Nova do Mestre Nazareno, devem procurar equacionar esse conflito. O Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Pão Nosso, cap. 39) esclarece que “no Evangelho de Jesus, o convite ao bem se reveste de claridades eternas. Atendendo-o, poderemos seguir ao encontro de Nosso Pai, sem hesitações. Se o clarim cristão já nos alcançou os ouvidos, aceitemos as clarinadas sem vacilar. Não esperemos pelo aguilhão da necessidade. Sob a tormenta, é cada vez mais difícil a visão do porto. Embora a maioria dos nossos irmãos na Terra caminhe para Deus, sob o ultimato das dores, não devemos aguardar pelo açoite de sombras, quando podemos seguir, calmamente, pelas estradas claras do amor”. Recusar o convite de Jesus significa adiar a libertação do ciclo doloroso das provas e expiações na Terra.

O indivíduo sensato compreende que o convite de Jesus é inadiável, pois, as circunstâncias mudam e talvez, por recusar, podemos optar por um roteiro mais difícil, em situações agravadas. Quando Jesus foi procurado por um moço rico, que desejava herdar a vida eterna, este, fora instruído para seguir os Mandamentos (Marcos, 10:23-30). Após afirmar que já o fazia, desde a sua mocidade, o Mestre, com a sua visão do futuro, convidou-o para segui-lo. Entretanto, embora virtuoso, devido ao apego pelas coisas materiais, o jovem recusou o convite, preferindo buscar as glórias efêmeras nas corridas de bigas com seus cavalos árabes. Lamentável não ter ele seguido o Mestre Nazareno naquela reencarnação, pois conforme o Espírito Amélia Rodrigues (FRANCO, D. P. Primícias do Reino, cap. 5), sofreu um acidente, desencarnando durante a competição. O Espírito Emmanuel (XAVIER, F, C. Fonte Viva, cap. 153) explica-nos que “o chamamento do Mestre para segui-lo é dirigido ininterruptamente a todos nós. Entretanto, a aceitação será sempre imediata entre os que já se encontram conscientes da sua necessidade de renovação íntima. Embora em alguns círculos do cristianismo, semelhante passagem, alusiva ao encontro do Senhor com os discípulos, seja interpretada simplesmente como um apelo do Cristo ao ministério religioso, é importante imprimir-lhe significado mais amplo. Ou seja, ouvir a palavra do Senhor em todos os ângulos do caminho e segui-lo com invariável fidelidade, hoje e sempre. Nas menores experiências, no trabalho ou no lazer, no lar ou na via pública, eis que Jesus nos convida ao exercício incessante do bem”.

A vivência cristã não exige que nos distanciemos da convivência com amigos e familiares, nem sejamos negligentes no aspecto profissional. “Necessitamos purificar os nossos corações e santificar os nossos atos, mas convivendo com os homens do nosso tempo” (KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 10). Jesus manteve a convivência com ricos e pobres, com doutores da lei e pessoas simples, com as pessoas saudáveis e enfermas, e participou dos eventos sociais mais significativos, como as Bodas em Caná e as festividades da Páscoa em Jerusalém. Entretanto, todos necessitam reservar um período para o estudo do Evangelho e reflexão, buscando na autocrítica, a correção e a superação das suas limitações morais.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

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