Alelopatia e a tiririca 

João Salvador

 

“Tô tiririca da vida” é uma expressão que denota raiva, na verdade, nada mais chato do que ver em seu jardim, nos canteiros de hortaliças e gramados, a explosão do crescimento da tiririca. Parece que quanto mais arranca, mais cresce. Essa praga está dentro de um grupo de plantas que desenvolve a alelopatia, um exsudato químico via raízes, que inibe o crescimento das outras espécies. Os aleloquímicos mexem com todas as funções vivas das plantas concorrentes, no que tange ao seu metabolismo, como a inibição da fotossíntese, respiração, nutrição mineral, água, luz, a absorção do gás carbônico e, claro, perde o poder de competitividade. É um meio natural de concorrência das espécies, para obterem o espaço de solo e da química elaborada.

Além da tiririca, esse composto orgânico é mais produzido pelas gramíneas em geral, como milheto, aveia, trigo, braquiárias, capim colonião, capim favorito e o capim gordura, apenas como exemplo. A dispersão de sementes também é mais acentuado. É um exército formando cada vez mais soldados para massacrar, de vez, o adversário.

Mas existem casos de positividade entre as plantas ditas companheiras e de ajuda mútua. Vivem bem o milho com a batatinha, o espinafre com o moranguinho, o alho com a ervilhaca, a beterraba com a couve e a alface, a cenoura com a ervilha, e daí por diante.

O poderoso efeito alelopático pode causar ineficiência até na germinação de diversas plantas, que, em certos casos, torna-se útil. Por isso, a alelopatia tem sido reconhecida como um importante mecanismo ecológico, que influencia na dominância vegetal, na sucessão e na formação de comunidades vegetais, envolvendo a produtividade e manejo de culturas, já que os resíduos do composto, podem permanecer por um bom tempo no solo e retarda a germinação ou o desenvolvimento de ervas daninhas na agricultura conservacionista, sustentável – plantio direto.

Mas ninguém precisa ficar “tiririca da vida”, porque no mercado existem os mata-mato eficientes, que eliminam as ervas daninhas, principalmente, a tiririca, sem causar danos à cultura desejada, são herbicidas seletivos.

_____

João Salvador é biólogo

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima