Os laços de amor são eternos?

Alvaro Vargas

 

O espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Renúncia) descreve a missão de Alcione, habitante de um planeta do sistema de Sirius, mais evoluído que a Terra, a qual solicitou uma existência em nosso orbe, para ajudar na evolução de parentes e amigos que conheceu quando peregrinou durante as experiências reencarnatórias entre nós. Entre eles, encontrava-se Pólux, o seu amado, que permanecia fracassando em suas reencarnações. Por ser uma missão difícil, os seus mentores tentaram dissuadi-la frente aos desafios que iria enfrentar. Deixaria um planeta feliz para reencarnar em um mundo de provas e expiações, onde predomina a maldade, em uma missão arriscada, na qual numerosos espíritos já haviam fracassado. Felizmente, Alcione enfrentou com coragem e determinação a sua reencarnação na Terra (França, século XVII) e teve sucesso na tarefa assumida. Disse Jesus, que, “onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Lucas, 12:34). Para Alcione, o seu maior tesouro é Pólux, e como o amor é um elo inquebrantável da corrente da vida, reencarnou ao seu lado, sustentando-o e interferindo favoravelmente com os recursos preciosos de que é dotada.

Embora as religiões institucionalizadas aleguem que os justos no paraíso não são afetados pela condenação de seus entes queridos ao fogo eterno, essa premissa contradiz a vontade de nosso coração, pois, ninguém consegue ser feliz observando os seus amores condenados a penas eternas. O Espiritismo esclarece que, conforme a misericórdia de Deus, todos os desvios morais podem ser redimidos através das reencarnações, em que a alma moralmente enferma se purifica através das expiações e reparações que se façam necessárias. Dessa forma, em qualquer situação, nos sentimos consolados por saber que mesmo tendo cometido crimes hediondos, aqueles a quem amamos, como na parábola do filho pródigo (Lucas, 11: 15-32), na dor e no arrependimento, transformar-se-ão moralmente e retornarão à casa do Pai. Assim como Alcione, do além-túmulo aqueles que nos amam, colaboram conosco e, dentro do respeito ao nosso livre-arbítrio, intercedem junto às autoridades celestiais a nosso favor.

O Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. Nosso Lar), ao visitar a antiga morada na Terra, ajudou na recuperação da saúde do segundo esposo de sua ex-mulher. Embora relutante, no início, em aceitar o consórcio da antiga esposa, compreendeu a sua necessidade para ter uma companhia e apoio na jornada terrena. Nossos familiares não nos pertencem. Somos filhos de Deus, e os reencontros na Terra contribuem para o nosso aperfeiçoamento moral e intelectual. Os verdadeiros laços são os de ordem espiritual, consolidados pelo verdadeiro amor, livre das paixões e do egoísmo humano. O Espírito Evelina (XAVIER, F. C. A Vida continua, pelo Espírito André Luiz) quando reencarnada, iludia-se, considerando que amava e era correspondida pelo marido. Na erraticidade, descobriu que ele já tinha uma amante e passou a viver com ela após a sua desencarnação. Mesmo chocada com a revelação, aceitou e perdoou o ex-marido. Estudou e vivenciou novas experiências na erraticidade, compreendendo que, na verdade, possuía uma paixão juvenil pelo ex-marido. Foi orientada a buscar um novo parceiro, tanto pelo desnível moral do viúvo terreno, como pela ausência de uma afetividade sincera por parte dele. Entretanto, para os casais que realmente se amam, a morte física não representa uma separação definitiva. O Espírito Isidoro (XAVIER, F. C. Os Mensageiros, pelo Espírito André Luiz, cap. 35) frequentava a sua antiga residência na Terra, colaborando no culto do Evangelho no lar, que a sua viúva realizava junto aos filhos. Pelos méritos adquiridos em vida, ele teve a autorização para permanecer no local, colaborando do plano invisível com a antiga esposa, atendendo a muitos espíritos necessitados que eram encaminhados para serem atendidos no local.

Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

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