Saúde – Hospital Unimed realiza cirurgia fetal inédita

Cirurgia foi realizada esta semana no Hospital Unimed Piracicaba. Crédito: Filipe Paes/Studio47

Cirurgia intrauterina inédita em Piracicaba cidade marca a alta complexidade do Hospital Unimed Piracicaba, que corrigiu, esta semana, o defeito congênito de fechamento da coluna vertebral do bebê de uma beneficiária gestante de 26 semanas, que teve o diagnóstico de mielomeningocele. O procedimento, minimamente invasivo, durou duas horas e mobilizou os especialistas em medicina materno fetal Kleber Cursino e Márcio Miranda, além de uma equipe multidisciplinar altamente capacitada, formada por médicos, enfermeiros e instrumentadores.

“A doença, também chamada de espinha bífida aberta, é uma malformação grave da coluna, que acontece nas primeiras semanas de gestação. Diante deste problema, a criança pode apresentar hidrocefalia e perda da função motora. Pode perder, ainda, os controles urinário e intestinal”, explicou Cursino.

Como alternativa terapêutica, a equipe médica apresentou para a paciente Rafaela Lopes, 32, a possibilidade de correção cirúrgica intrauterina — ou seja, com o bebê dentro do útero —, técnica minimamente invasiva, considerada como a melhor opção para evitar complicações pós-natais.

“A partir de uma incisão abdominal, como a de uma cesariana, o útero foi exposto. O feto foi, manualmente, posicionado para que fosse possível acessar a coluna aberta. Foram feitos pequenos furos no útero, suficientes para mostrar a correção da lesão por meio de instrumentais delicados. Em seguida, o líquido amniótico foi reconstituído e o útero foi novamente fechado e recolocado para que a gestação pudesse seguir seu curso”, explicou Miranda.

O procedimento contou também com apoio dos obstetras de alto risco Marcos Caetano e Giuliane Lajos, do neurocirurgião Mateus dal Fabbro e ultrassonografistas Luciana Briganti e Renato Ximenes, além da CEO do grupo, Poliana Farah, que auxilia na viabilização dos procedimentos e cirurgias.

 

“A operação transcorreu da melhor forma possível. Foram tomadas todas as medidas preventivas para redução dos riscos cirúrgicos. Depois de 24h na UTI, a paciente permaneceu internada por mais um dia e seguiu para casa. O bebê, será frequentemente examinado e monitorado até o fim da gestação”, contou Cursino.

 

O especialista ressalta, ainda, que a criança já apresenta melhoras significativas ao ultrassom. “Após o nascimento, a lesão será reavaliada e o neurodesenvolvimento da criança será acompanhado”, finalizou o especialista.

SOBRE A DOENÇA – A mielomeningocele é um defeito congênito da coluna e da medula espinhal, resultante do fechamento incompleto durante a quarta semana de gestação. A incidência média mundial é de um em cada 1.000 nascimentos. Quando a coluna não está adequadamente fechada, as meninges, normalmente protegidas pela parte óssea, ficam expostas, bem como raízes nervosas.

Expostas ao líquido amniótico do útero da mãe, além do constante contato da lesão fetal com a parede uterina, essas estruturas vão se deteriorando progressivamente. Quanto mais danificadas, pior será a habilidade motora dos membros inferiores do bebê ao nascer, o que pode levar à perda da locomoção.

Além disso, enquanto não houver correção cirúrgica, a medula vai perdendo liquor (líquido que envolve a medula), causando modificação anatômica em estruturas cerebrais. Isso pode resultar no surgimento de hidrocefalia no bebê.

Antigamente, a doença tinha uma alta taxa de letalidade os bebês nos primeiros anos de vida. Depois, foram desenvolvidas cirurgias feitas logo depois do parto e, em 2004, começaram as primeiras cirurgias intrauterinas do país.

“O acompanhamento de pré-natal foi fundamental para a saúde do meu filho, pois meu médico detectou a malformação durante o ultrassom de rotina, quando completei a 14a semana gestacional. Hoje, me sinto mais tranquila e feliz”, disse Rafaela, que, em breve, estreia a maternidade como mãe de Eduardo.

 

 

 

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