Os apóstolos recomendaram a comunicação com os Espíritos?

Alvaro Vargas

 

De acordo com vários estudiosos, a comunicação com os Espíritos, tem ocorrido normalmente, em toda nossa história, a exemplo do antigo Egito, em seus templos iniciáticos, na Grécia, através das pitonisas, e pelos profetas hebreus. A única razão pela qual Moisés proibiu a prática mediúnica foi devido ao seu uso abusivo em frivolidades. Assim como nas antigas e escrituras, o Novo Testamento apresenta inúmeros registros de eventos mediúnicos. Maria de Nazaré, quando ficou grávida, foi visitada por um Espírito que confirmou a sua gestação (Lucas, 1:26-38). Em Belém, José foi avisado pelos Espíritos para deixar a cidade e se refugiar no Egito, fugindo com Maria e o menino Jesus, da perseguição promovida pelo rei Herodes (Mateus, 2:13–23). Durante o seu messianato, Jesus, em diversas oportunidades, comunicou-se com os Espíritos. Entre essas manifestações espirituais, podem ser destacadas a desobsessão do jovem gadareno (Marcos, 5:1-20), e o diálogo do Mestre no Monte Tabor com os Espíritos materializados de Moisés e Elias (Mateus, 17:1-13). Contudo, dentre todos os exemplos do fenômeno mediúnico, destaca-se a materialização do Espírito Jesus de Nazaré após o seu martírio na cruz, ocorrida em diversos locais e testemunhada pelos seus discípulos (João, 21:1-14) e centenas de seus adeptos na Galileia (1 Coríntios, 15:6).

Embora o exercício da mediunidade fosse um fato conhecido, a sua popularização ocorreu no Pentecoste (Atos, 2:1-13). Durante os três anos da Boa Nova divulgada por Jesus, os membros do colegiado galileu não detinham uma mediunidade ostensiva. Mas foi no Pentecostes que surgiu entre os seus discípulos, permitindo aos judeus de diferentes nacionalidades escutarem em seus respetivos idiomas, as informações trazidas pelos Espíritos. A partir desse evento, as reuniões mediúnicas se tornaram uma prática comum, mas foi necessária sua normatização, para evitar a presença dos Espíritos zombeteiros. Sabemos que a morte física em si não modifica o indivíduo. Regressamos no mesmo nível evolutivo em que nos encontramos na Terra. Assim, as comunicações espirituais podem ocorrer com espíritos evoluídos e atrasados, dependendo da sintonia estabelecida com o mundo invisível. “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (1 João 4:1). Embora a terminologia naquela época usasse a expressão profetizar, no Espiritismo esse fenômeno é definido como uma comunicação mediúnica.

Importante destacar, que, durante o Cristianismo nascente, quem melhor descreveu como deveria se processar uma reunião mediúnica foi o apóstolo Paulo (1 Coríntios 14:1-28), valorizando este fenômeno: “segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar (mediunidade)”. Mesmo reconhecendo a necessidade da mediunidade para a consolidação da Boa Nova, o apóstolo instruiu para que esse fenômeno ocorresse em linguagem compreensível para todos. “Quem profetiza o faz claramente para edificação, encorajamento e consolação de todas as pessoas. Quem fala em uma determinada língua, a si mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a Igreja”. O Espiritismo resgata a essência do Cristianismo primitivo, aprimorando-o graças às conquistas científicas e filosóficas adquiridas ao longo dos séculos. É a religião mais eletiva ao homem intelectualizado desta época, por permitir a construção de uma fé raciocinada, livre de dogmas religiosos e rituais, conforme ocorre nas religiões institucionalizadas, que fanatizam os seus fiéis e inibem o seu progresso espiritual. Vivenciamos o final de um ciclo evolutivo, com a Humanidade capaz de absorver novas revelações do Mundo Maior. “Pois, nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia”. (Marcos, 4:22).

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

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